O Festival de Veneza, a mostra de cinema mais antiga do mundo, vai comemorar a 70ª edição de 28 agosto a 7 setembro com uma programação variada, que combina filmes de diretores veteranos e jovens promessas do cinema. Os organizadores do evento pretendem apresentar um “espelho” da realidade crua do mundo.

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– O cinema reflete sobre a crise atual que estamos atravessando: econômica, social, familiar. É o espelho da realidade, que muitas vezes é trágica -, diz o diretor do festival, Alberto Barbera, ao descrever a nova edição.

Como acontece há vários anos, os cinemas espanhol e latino-americano não estão representados na mostra oficial, mas terão um lugar especial, já que o evento será aberto com Gravidade, do mexicano Alfonso Cuaron, um ‘thriller’ espacial estrelado por Sandra Bullock e George Clooney, que estão entre os poucos astros convidados este ano, já que está prevista uma passarela particularmente sóbria.

Assista ao trailer de Gravidade:

Ao todo, 20 filmes competem pelo cobiçado Leão de Ouro, que será concedido por um júri liderado pelo exigente cineasta italiano Bernardo Bertolucci. Entre os diretores experientes escolhidos para a competição oficial está o britânico Stephen Frears, que entra na disputa com Philomena, a história real de uma mulher que foi obrigada a vender o filho, enquanto o seu compatriota Terry Gilliam vem com The Zero Theorem, que tem no elenco Christoph Waltz e Matt Damon.

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O grande mestre japonês da animação Hayao Miyazaki apresenta Kaze Tachinu, enquanto o jovem canadense Xavier Dolan chegará ao Lido com Tom à la Ferme. O talentoso diretor e ator James Franco apresentará em Veneza Child of God, uma adaptação do livro de Cormac McCarthy sobre um jovem solitário e desajustado, cuja sexualidade reprimida o leva a buscar vítimas para satisfazer sua luxúria insaciável.

– Abuso sexual, violência contra as mulheres, dissolução de laços familiares, crise de valores… Os cineastas não dão sinais de otimismo e nem oferecem saídas -, reconhece Barbera.

Entre os diretores de destaque estão ainda o israelense Amos Gitai, os franceses Merzak Allaouache e Philippe Garrel e o diretor taiwanês Tsai Ming-Liang. A renomada diretora de teatro italiana Emma Dante se aventura pela primeira vez no cinema com o filme Via Castellana Bandiera, enquanto seu compatriota Gianni Amelio (que ganhou o Leão de Ouro em 1998) concorre com El intrépido.

Pela primeira vez na história do festival, dois documentários concorrem pelo Leão de Ouro: The Unknown Known, do americano Errol Morris, uma longa entrevista com o ex-ministro da Defesa Donald Rumsfeld, e Sacro GRA, do italiano Gianfranco Rosi, rodado na estrada circular de Roma. Para a mostra Horizontes, a mais experimental e inovadora do festival, foram escolhidos dois filmes latino-americanos: La vida después, do mexicano David Pablos, um filme de baixo orçamento feito por estudantes, e Algunas chicas, do argentino Santiago Palavecino.

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Para comemorar o 70º aniversário da mostra, os organizadores prepararam uma homenagem coletiva com o projeto Future Reloaded, assinado por 70 cineastas de todo o mundo, que devem muito de seu sucesso a Veneza, incluindo Andrzej Wajda, o coreano Kim Ki Duk e o italiano Ettore Scola, que também vai apresentar um retrato do grande Federico Fellini.

Outro veterano, o diretor de O Exorcista William Friedkin, receberá o Leão de Ouro pelo conjunto da sua obra.

Veja a lista dos 20 filmes na disputa do Festival de Veneza

– “Les terrasses”, de Merzak Allouache (Argélia-França)

– “El intrépido”, de Gianni Amelio (Itália)

– “Miss Violence”, de Alexandros Avranas (Grécia)

– “Tracks”, de John Curran (Grã-Bretanha-Austrália)

– “Via Castellana Bandiera”, de Emma Dante (Itália-Suíça-França)

– “Tom à la ferme”, de Xavier Dolan (Canadá-França)

– “Child of God”, de James Franco (EUA)

– “Philomena”, de Stephen Frears (Grã-Bretanha)

– “La jalousie”, de Philippe Garrel (França)

– “The Zero Theorem”, de Terry Gilliam (Grã-Bretanha-EUA)

– “Ana Arabia”, de Amos Gitai (Israel-França)

– “Under the skin”, de Jonathan Glazer (Grã-Bretanha-EUA)

– “Joe”, de David Gordon Green (EUA)

– “Die Frau des Polizisten”, de Philip Grning (Alemanha)

– “Kaze Tachinu”, de Hayao Miyazaki (Japão)

– “The Unkown known: the life and times of Donald Rumsfeld”, de Errol Morris (EUA)

– “Night moves”, de Kelly Reichardt (EUA)

– “Sacro GRA”, de Gianfranco Rosi (Itália)

– “Jiaoyou”, de Tsai Ming-Liang (Taiwan-França)

– “Parkland”, de Peter Landesman (EUA)