As peças adultas são o destaque no último final de semana do 17º Floripa Teatro – Festival Isnard Azevedo. Na noite deste sábado, tem comédia e tragédia.
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No Teatro Álvaro de Carvalho haverá reapresentação do espetáculo Mau Humor, com o Grupo Grelo Falante. No Pedro Ivo, As Troianas – Vozes de Guerra, do Núcleo Experimental de São Paulo.
No domingo, será a vez do grupo Teatro Independente encenar Rebú, também no teatro Pedro Ivo.
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Comédia
Se você quer dar boas risadas, o Diário Catarinense indica a peça Mau Humor. O tema é denso, mas é tratado de forma divertida. Em uma época em que ninguém tem tempo para nada e para ninguém, onde todos querem mais é ficar adorando o próprio umbigo, cada vez mais atores falam de si, dentro e fora do palco, enquanto espectadores ouvem o seu próprio pensamento saindo da boca de outro.
O grupo de humor, formado pelas atrizes e redatoras Carmen Frenzel, Claudia Ventura, Lucília de Assis e Suzana Abranches, iniciou em 1998 com o tabloide O Grelo Falante, um jornal de humor corrosivo, que surgiu como resposta às publicações ditas femininas, mas que, na sua essência, possuem uma ótica machista.
Guerra em dois tempos
As Troianas – Vozes da Guerra teve um elaborado processo de construção. Trata-se de uma tragicomédia que se passa ao término da guerra contra Esparta, travada por causa do amor de seus governantes pela mesma mulher. Troia, a cidade perdedora, foi aniquilada, e todos os homens mortos. As mulheres sobreviventes foram aprisionadas e escravizadas pelo inimigo.
Nesta livre adaptação de Zé Henrique de Paula, a ação é transposta para a Segunda Guerra Mundial, resgatando a história das sobreviventes do conflito de Troia, apresentadas como judias arrasadas pelo holocausto nazista, para incitar alguns questionamentos inerentes a qualquer guerra.
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Dos 15 atores, 10 são mulheres. Apenas a personagem Helena fala, além dos homens (soldados), todos em alemão. As outras, mães e viúvas, somente cantam a dor e a saudade, em idiomas de nações que já estiveram em situação de guerra.
Na fase de pesquisa, parte do Núcleo Experimental visitou Auschwitz e Birkenau, dois dos campos de concentração mais mortíferos do Terceiro Reich, além das ruínas da cidade de Troia e o Museu do Holocausto, em Washington, de onde saiu a ideia do cenário, uma réplica de um vagão de trem que transportava judeus para a morte.
Homenagem
Na noite de domingo, às 20h, no Teatro Pedro Ivo, o ator, professor, diretor e tradutor de textos teatrais José Ronaldo Faleiro recebe o troféu Isnard Azevedo.
Este é o quarto ano consecutivo que a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) homenageia uma personalidade de reconhecida colaboração para o desenvolvimento do teatro na cidade.
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Já receberam o troféu a professora Vera Collaço (2007), do Centro de Artes (Ceart) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), representando o meio acadêmico. Em 2008, a distinção foi para o iluminador Carlos Falcão, reverenciando um profissional da área técnica. Ano passado, a estatueta foi conferida à autora e atriz Zeula Soares, que passou parte de sua vida no palco. Agora, a homenagem vai para alguém que já incursionou por diversos campos do fazer teatral.
– A indicação de José Ronaldo Faleiro é o reconhecimento a um mestre que, atuando como docente, diretor, ator e tradutor, contribui para a formação de atores, pesquisadores e arte-educadores. Além da participação ativa na criação de festivais de teatro em nosso Estado , tem auxiliado na inserção de profissionais no cenário nacional e mundial – explica a diretora de artes da Fundação Cultural Franklin Cascaes e presidente da comissão organizadora, Waleska De Franceschi.
Faleiro também tem uma ligação antiga com o Festival Isnard Azevedo, desde o seu surgimento. Ao lado de Valmor Beltrame e Vera Collaço, seus colegas professores do Ceart/Udesc, ele foi fundamental na abertura de contatos junto a profissionais do teatro e da academia de outras regiões do Brasil, quando o projeto foi criado por Sulanger, em 1993.
– Estou feliz com essa premiação, mas ela não é só para mim. É na verdade uma homenagem a todos que fazem teatro, porque ninguém faz nada sozinho – declara Faleiro.
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