O Festival de Cinema de Havana terá sua 40ª edição em dezembro, com um programa reduzido, mas tentando manter os preceitos originais.
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O evento se adaptou à nova realidade, menos filmes, menos cinemas, menos espectadores.
“Se algo me anima a sentir que o Festival de Havana permanece vivo é justamente porque não é mais o mesmo. Alguns podem sentir nostalgia de tempos passados, mas o importante é marchar em sincronia com os anos”, declarou à AFP Fernando Pérez, o mais importante cineasta cubano vivo.
Pérez, que venceu o Festival com “Hello Hemingway” (1990); “La vida es silbar” (1998) e “Suite Habana” (2003), participa na edição 2018 (6 a 16 de dezembro) com “Insumisas”.
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“O festival cresceu muito, sobretudo no fim dos anos 1980, com a influência de Fidel Castro, a criação de uma Escola Internacional e a Fundação do Novo Cinema Latino-Americano, que era dirigida por Gabriel García Márquez”, explica o diretor do evento, Iván Giroud.
Quase 500 filmes eram exibidos na época nos 88 cinemas Havana e meio milhão de espectadores lotavam as salas.
Mas a crise econômica dos anos 1990 e depois a era digital mudaram o panorama. Os cinemas de bairro desapareceram. Hoje, Havana tem 21 cinemas, poucos deles com tecnologia digital.
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Atualmente o festival dispõe apenas de oito salas de cinema em Havana e outras pequenas salas institucionais.
O número de espectadores também caiu: 4,4 milhões de cubanos foram ao cinema em 2012; em 2017 foram 2,3 milhões.
“O festival tinha uma hiperprogramação para uma infraestrutura que era incapaz de sustentar”, explica Giroud.
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Ele destaca um “reajuste” para uma programação “mais coerente com a infraestrutura que temos”.
Pouco mais de 300 filmes serão exibidos este ano.
Embora menor, o festival terá participantes ilustres: os americanos Matt Dillon, Michael Moore e Geraldine Chaplin, o porto-riquenho Benicio del Toro e o sérvio Emir Kusturica.
Kusturica abrirá o evento com “Pepe, uma vida suprema”, documentário sobre o político e ex-presidente uruguaio José Mujica.
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O Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano “segue cumprindo exatamente os preceitos fundacionais”, assegura Giroud.
Na disputa oficial de longas-metragens de ficção, o prêmio Coral, serão exibidos 20 filmes: cinco da Argentina, dois do Brasil, um do Chile, dois da Colômbia, três de Cuba, quatro do México, dois do Uruguai e um da Venezuela.
Fora da competição, o evento terá uma exibição especial de “Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, o filme latino-americano mais importante do ano, segundo os críticos.
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O festival também terá exibições especiais dos americanos “The Sisters Brothers” e “Infiltrado na Klan”, além das produções francesas “Doubles vies” e “La dernière folie de Claire Darling”, entre outros.
* AFP