Lucas Artistides seria artista, e quanto a isso não havia nenhuma dúvida enquanto ele crescia e se mexia ao som de músicas infantis ao mesmo tempo em que ainda aprendia a andar. Era visível aos olhos da mãe e da professora de dança Silvana de França, da Escola na Escola Municipal Amador Aguiar, no bairro Ulysses Guimarães. Ele tinha apenas oito anos e já se destacava tanto na danças contemporâneas que a professora o indicou para as seletivas da Escola Bolshoi Brasil.

Continua depois da publicidade

– Foi uma mudança radical porque eu sempre fui muito elétrico. No Bolshoi eu aprendi sobre disciplina, a escola me colocou em um lugar que eu não era acostumado, que é a dança clássica – recorda ele.

Ainda na infância, Lucas já aprendeu sobre os pequenos sacrifícios para quem tem um sonho: acordava às 5h20 para entrar na van da Escola Bolshoi, almoçava na instituição e ia para a escola na zona Norte com as outras crianças. Essa rotina continuou até 2016 quando, já adolescente, reprovou na escola regular e, por isso, foi desligado do curso, seguindo as regras que o Bolshoi tem sobre o desempenho na educação regular.

– Entrar no Bolshoi foi uma das melhores coisas que me aconteceram, mas sair também porque eu comecei a olhar para as outras opções em Joinville. Foi assim que eu conheci a Kulture Kaos, e outras pessoas, outros ritmos, outros perfis. Eu entendi que o tradicional, o “old school”, não era o que eu gostava – lembra ele.

Este processo de buscar novas linguagens levou Lucas a, aos 21 anos, chegar à Mostra Competitiva do Festival de 2019 com coreografias de dois gêneros: um solo de dança contemporânea e o papel de destaque na coreografia que concorre em danças urbanas sênior. Nos dois últimos anos, ele sempre esteve no palco principal, ganhando primeiras colocações em danças urbanas e contemporâneo.

Continua depois da publicidade

Ao mesmo tempo, vivencia as situações do início de carreira de bailarino e coreógrafo que não são fáceis em lugar nenhum do País, nem mesmo naquela que é considerada a Capital Nacional da Dança. Enquanto ensaia com a Kulture Kaos, faz aulas de dança contemporânea e de dança clássica, trabalha como coreógrafo de um projeto da Rede Estadual de Educação. Às vezes, é a pé que ele sai de casa até os locais dos ensaios, em um trajeto de quase 10 quilômetros, para chegar aos locais de ensaio.

– Ir ao ensaio é um desgaste, ensaiar é outro desgaste e depois ter que voltar para casa também. Mas acho que, um dia, tudo isso vai valer a pena – avalia ele.

Nos últimos anos, nenhum grupo joinvilense se destacou tanto no Festival quanto a Kulture Kaos. A companhia foi criada em 2016 e, menos de 12 meses depois, conseguiu não só entrar na Mostra Competitiva de danças urbanas como levar o primeiro lugar na categoria sênior de danças urbanas.

No ano passado, levou o segundo lugar na mesma categoria. Para 2019, cinco coreografias entraram na Mostra Competitiva, entre danças urbanas e dança contemporânea.

Continua depois da publicidade

Leia também:

Festival de Dança: Escola pública de Joinville conquista primeiro lugar pela sétima vez

Festival de Dança: Joinvilenses dividem rotina entre profissão e ensaios com grupos premiados

Festival de Dança: Como é ser adolescente e integrar uma companhia campeã