A manhã de sábado de Anderli da Silva, 29 anos, seria assim: acordar às 4h30, sair para o café e o trabalho às 5h30, voltar às 13 horas e passar o resto do dia sem novidades. Seria um sábado comum se ele não saísse e voltasse para a cela da Penitenciária Industrial de Joinville.

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Teria sido apenas mais um se o cinza dos corredores cheios de grades não tivessem ganhado cores com as coreografias de bailarinos que vieram se apresentar no Festival de Dança e incluíram no roteiro todos os cantos da cidade – principalmente aquele onde o público não tem nenhum acesso à esta expressão artística.

– Eu nunca tinha visto uma apresentação assim, só na TV – disse o jovem.

Para que Anderli e os outros reeducandos vivenciassem um dia diferente, o Festival de Dança de Joinville levou a eles o projeto Dança Comunidade.

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De quinta a sábado, os homens que vivem na Penitenciária de Joinville receberam aulas expositivas de dança de salão e de danças urbanas, assistiram a apresentações e, na sexta-feira, um grupo de 19 em regime semi aberto pode deixar os limites do complexo prisional para sentar nas cadeiras do Centreventos Cau Hansen e ficar perto de um palco de verdade.

– É a dança resgatando a dignidade. O ser humano tira da cultura o que há de melhor, sempre foi assim. E, desta experiência, é o que podemos esperar: que eles possam ser resgatados pela cultura e pela educação – afirmou o juiz titular da vara de execução penal, João Marcos Buch, que acompanhava o projeto.

Confira mais fotos da apresentação realizada neste sábado: