Sob as baixas temperaturas do mês de julho em Joinville, Iara Cosmo, 21 anos, tem dois motivos para acordar de madrugada. Um deles é o que a faz estar às cinco horas da manhã perto dos trilhos de trem que passam por dentro de Joinville com medidores de ruído ferroviário, realizando cálculos para mapear a paisagem sonora na zona Sul. O outro são os ensaios com o Grupo de Dança Fernando Lima, que são encaixados de acordo com a programação dos bailarinos profissionais da companhia, geralmente de manhã.

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Iara faz ginástica rítmica desde os quatro anos, e aos 14 foi convidada a fazer a transição de atleta para bailarina. Já na primeira inscrição no Festival de Dança, passou para dançar na Mostra Competitiva, na categoria júnior, com um solo de dança contemporânea.

– A minha técnica de ginástica rítmica quis montar um grupo só para dançar em mostras de dança da cidade, mas o Fernando me assistiu e me convidou para entrar na companhia. Desde então, é o meu hobby preferido – afirma a jovem, destacando que, mesmo com a carga extensa de ensaios e o reconhecimento de estar em uma companhia que é sempre selecionada para a Mostra Competitiva, a dança é uma forma de prazer, não de ofício.

foto mostra a bailarina saltando no palco
Em 2013, quando estreou com o solo “Retalhos de Seda” no Festival de Joinville (Foto: Vanderleia Macalossi, divulgação)

Quando, aos 18 anos, chegou a hora de selecionar a opção no vestibular, Iara chegou a fazer provas para faculdades de dança, incentivada pela própria mãe que via o potencial da filha para as artes. Mas a menina tinha outros planos: ela concorreu nos disputados vestibulares da Universidade Federal de Santa Catarina para ingressar no curso de engenharia ferroviária e metroviária. Agora, enquanto faz o último ano da faculdade, integra o projeto de extensão que realiza pesquisas sobre ruído ferroviário.

– Eu me vejo como duas pessoas diferentes nestes dois ambientes. Na faculdade, é outra postura, diferente de como é no grupo. Mas a arte no geral abre muito a nossa mente, tanto para relações sociais quanto para a criatividade. Então, ela ajuda muito na engenharia porque muda a forma como você enxerga o mundo – avalia ela.

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Iara e o Grupo de Dança Fernando Lima se apresentam na segunda-feira, 22 de julho, com a coreografia de jazz "Desnude". Eles integram a categoria sênior, com bailarinos que têm entre 18 e 37 anos.

A maioria vive da dança, ainda que a companhia não seja a principal fonte de renda: são professores, ensaiadores e coreógrafos de escolas e academias de Joinville e região que desdobram-se para seguir a profissão sem precisar deixar os palcos.

Patrick Jimenez é coreógrafo e bailarino de danças urbanas
Patrick Jimenez é coreógrafo e bailarino de danças urbanas (Foto: Abydos Festival de Dança, divulgação)

Destaque nas danças urbanas

Patrick Jimenez, do Kulture Kaos, é natural de São Paulo, mas mora em Joinville onde estuda Engenharia de Automação. Mesmo com a rotina dividida entre a faculdade e a dança, foi considerado pelos jurados o melhor bailarino de danças urbanas do Festival de Dança de 2019 na categoria Sênior. Ele apresentou a coreografia "O Todo é Irreal", uma criação própria.

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