As diferentes experiências que o Festival de Dança de Joinville pode proporcionar ultrapassam as barreiras interestaduais e aproximam as diferentes culturas, que se unem em cima de um só palco para expressar a sua arte. Neste ano, após o cancelamento da edição de 2020 por causa da pandemia da Covid-19, o tradicional espetáculo da maior cidade catarinense voltará a acontecer entre os dias 5 e 16 de outubro, de forma híbrida – as companhias puderam escolher entre participar presencialmente ou em formato de vídeo.

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O Ghandicats, de Manaus (AM), viajará a uma distância de 4.200 quilômetros com destino à cidade da dança. Para auxiliar nesta empreitada de atravessar o país, o grupo está realizando ações e eventos para arrecadar fundos e custear a viagem. Ghandi Tabosa, coreógrafo e fundador do Ghandicats, explica que, além de passagens aéreas, os custos são altos com produção, figurino, maquiagem e cenário.

– Tem uma preparação e um gasto bem alto. Como financeiramente muita gente ficou necessitada nesta pandemia, foi um meio de pensar em como que a gente pode fazer para que o máximo de bailarinos consiga participar do festival – explica Tabosa.

Entre bailarinos e equipe, há 45 integrantes que devem desembarcar em Joinville no dia 11 de outubro. Ghandi, no entanto, pretende estar presente na noite de abertura. Esta é a segunda vez que o grupo participa do festival. Em 2019, durante sua estreia, a companhia foi aprovada para a Mostra Competitiva e levou o troféu de melhor grupo, além de garantir vaga para a edição seguinte.

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Com o retorno presencial, a expectativa de Ghandi é chocar e emocionar o público. Ele garante que o grupo está focado e cheio de energia para a apresentação. Para ele, o modelo híbrido adequado para este ano é questão de adaptação e reconhece a importância da medida para maior segurança neste período de pandemia, que mesmo com números cada vez mais reduzidos, o momento ainda inspira cuidados.

– Cada projeto, cada coreografia é uma experiência. Tem uma entrega, tem uma imersão no tema, na mensagem que a gente quer comunicar. Eu, como artista, tenho muito essa sensibilidade do que vou jogar pro público e como que o público vai receber isso. Subir no palco é isso, é demonstrar e se posicionar. É dar voz à nossa arte, principalmente nesse lugar em que somos um grupo de Manaus, estando num dos principais palcos de dança do país – define Ghandi.

Exibição pelas telonas

Com 20 anos de história, a Cia do Corpo, de Foz do Iguaçu (PR), participa do festival de Joinville desde a sua fundação. Nesta edição, o grupo optou por participar à distância. Conforme o regulamento da direção, as equipes que escolheram o formato virtual devem enviar o vídeo apenas uma vez, como se fosse uma única apresentação presencial, em seguida, o grupo será anunciado ao público e as imagens exibidas nos telões do evento na categoria que se encaixar.

Bailarinos da Cia do Corpo, de Foz de Iguaçu, se apresentam de forma virtual no festival
Bailarinos da Cia do Corpo, de Foz de Iguaçu, se apresentam de forma virtual no festival (Foto: Cia do Corpo/Divulgação)

Adriana Gomes, diretora artística da Cia, explica que o total de material enviado para quem participar no formato de vídeo são 19 coreografias, entre solo, duos e conjunto. Dentro desta possibilidade híbrida de participação, ela conta que houve um resgate de aprimoramento do trabalho técnico e animação por parte da equipe, que teve suporte de parceiros na cidade para suprir a necessidade do palco.

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– O vídeo em si inspirou a retomada dos nossos bailarinos para nossas aulas. Essa participação não só potencializou, mas agregou esse valor de retomada – afirma Adriana.

Adriana diz que o retorno das atividades após um longo período de pandemia foi um anseio para a readequação. Ela define o momento como “experiência surreal” e reforça a importância de pensar neste formato diferenciado para o festival, oportunizando aos artistas, mesmo que de casa, deixarem sua marca no tablado.

– Eu só tenho a parabenizar. Estão dando oportunidade mesmo àqueles que ainda não estão seguros da exposição, de forma até mais emocional do que na condição de riscos. A gente sabe desse processo de vacinação que está acontecendo e eu só valorizo a iniciativa e agradeço pela oportunidade dada aos que ainda preferem estar aqui, na segurança da sua casa – diz.

Arte no olho a olho

Bruna Oecksler é bailarina e coreógrafa e participa do festival desde 2006. Na edição de 2021, sua escola, Black Cat Dance Center, de Blumenau, teve trabalhos aprovados pelos grupos Brutos e Overnight. Enquanto o Brutos vem ao festival pela quarta vez consecutiva, o Overnight fará sua estreia nos palcos.

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Ensaio preparatório do Black Cat antes de subir aos palcos do festival de Joinville
Ensaio preparatório do Black Cat antes de subir aos palcos do festival de Joinville (Foto: Patrick Rodrigues/Especial AN)

Bruna está animada para a volta do espetáculo presencial, principalmente pelo peso do Festival de Dança de Joinville, internacionalmente conhecido e prestigiado por toda comunidade da dança.

– Representar a nossa cidade neste evento sempre foi uma realização, mas nesta edição, essa participação vem carregada de muito sentimento. A arte está de volta ao olho no olho, à vibração, à energia e à troca que acontece entre artistas e plateia. É um encanto sem substituição, é necessário. É vida – traduz.

Equipe reduzida

Participante desde os anos 2000, Luciana Zanandréa também é veterana do festival em Joinville. Há 11 anos, participou da fundação do grupo Balé da Ilha, de Vitória (ES), que, em edições anteriores, já realizou apresentações com solistas e em equipe, tanto no infantil quanto no palcão.

 Artistas reproduzem o duo clássico avançado de passagem
Artistas reproduzem o duo clássico avançado de passagem (Foto: Bruna Borgo/Grupo Balé da Ilha)

Acostumada a enviar grupos com mais de 30 pessoas para participar do evento, neste ano, por causa da pandemia, Luciana diz que apenas cinco pessoas virão a Joinville. 

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– Mas a nossa expectativa é sempre mostrar que o Espirito Santo está inserido no eixo nacional, com dança de muita qualidade – destaca. 

Seja com viagens que atravessam o país, estreias ou retornos aos palcos da cidade da dança, até mesmo com as equipes reduzidas, as experiências que o Festival de Dança de Joinville pode proporcionar são únicas e valem cada olhar atento, seja no olho a olho ou por telões virtuais. 

Programação 

A 38ª edição do Festival de Dança de Joinville vai contar com 316 grupos presenciais, que apresentarão 1.319 coreografias, e 44 grupos virtuais, com 134 coreografias. Além de companhias do Paraguai e Argentina, participantes de 18 estados brasileiros vão aruar na Mostra Competitiva, Meia Ponta e Palcos Abertos.

Noite de Abertura – 20h

6/10 – TA – Sobre Ser Grande – Corpo de Dança do Amazonas

Mostra Competitiva – 19h

7/10 (quinta-feira) – Jazz e Balé Clássico de Repertório

8/10 (sexta-feira) – Danças Populares e Balé Neoclássico

9/10 (sábado) – Balé Clássico de Repertório e Dança Contemporânea

10/10 (domingo) – Danças Urbanas e Sapateado

11/10 (segunda-feira) – Jazz e Balé Clássico de Repertório

12/10 (terça-feira) – Danças Populares e Neoclássico

13/10 (quarta-feira) – Jazz e Dança Contemporânea

14/10 (quinta-feira) – Danças Urbanas e Sapateado

15/10 (sexta-feira) – Noite dos Campeões Júnior

16/10 (sábado) – Noite dos Campeões Sênior

Meia Ponta – 14h e 16h

13/10 (quarta-feira) – Dança Contemporânea, Sapateado e Danças Urbanas

14/10   (quinta-feira) – Balé Neoclássico, Balé Clássico de Repertório e Danças Populares

15/10   (sexta-feira) – Balé Neoclássico, Balé Clássico de Repertório e Jazz

16/10   (sábado) – Tarde dos Campeões (14h)

Estímulo Mostra de Dança – 17h

12 de outubro – EXIT – Grupo Artístico Cultura do Guetto

K-POP Joinville Festival – 17h

10 de outubro

DHIx    – 17h

11 de outubro

Mais Dança

De 7 a 16 de outubro

Dança para Quem Não Dança

10 e 11 de outubro

Dog Dance Day

10 de outubro

Cursos

Para bailarinos e profissionais – de 5 a 9 de outubro e de 12 a 15 de outubro

Palcos Abertos

Apresentações gratuitas em espaços públicos: 5 a 16 de outubro

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