A cada ano, o Meia Ponta aumenta em número de coreografias participantes e na qualidade técnica dos jovens estudantes de dança que vêm a Joinville para participarem, muitas vezes, das primeiras competições de suas trajetórias. Uma nova edição começa nesta quarta-feira, com apresentações de mostra competitiva até sexta-feira em todos os gêneros que também são apresentados no "palcão" do Centreventos Cau Hansen à noite. A diferença é que, no palco do Teatro Juarez Machado, a competição ocorre entre bailarinos com idades entre nove e 12 anos.

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Neste ano, 53 coreografias serão apresentadas em cerca de 10 horas de evento. É um aumento mínimo em comparação a 2017 e 2018, quando foram 52 e 51 coreografias, porém relevante. Quando o Meia Ponta foi criado, no ano 2000, era uma mostra não competitiva de apenas dois dias. Este tempo de duração ocorreu até 2017, quando a programação, já com caráter competitivo, foi ampliada para três dias de forma a "acomodar" mais coreografias.

— As crianças, ao virem para o Festival de Joinville, acabam envolvidas neste espaço de confrontação, que é mais do que apenas de competição, porque elas querem a própria superação também. É algo que move as crianças a se inscreverem e prepararem tanto para Joinville — avalia o curador artístico Rui Moreira.

Para ele, o alto número de coreografias que levou à ampliação nos dias de evento – até 2016, por exemplo, não passava de 40 — também está ligado à evolução do Festival de Dança: o evento cresce, ganha cada vez mais destaque, os grupos se preparam para estar na competição e se desenvolvem. Por fim, precisa ser ampliado para envolver todos os talentos inscritos em suas seletivas.

Ao mesmo tempo, a curadoria artística e os jurados — grupo formado pelas principais referências em dança do país — percebem movimentos que levam a mudanças na competição. Uma delas está ocorrendo neste ano: o Meia Ponta terá competições de solo apenas nos gêneros balé clássico de repertório, neoclássico e dança contemporânea. Nas outras três coreografias, haverá apenas competições na categoria conjunto.

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— Foi uma avaliação dos jurados, de que era melhor aguardar e fazer um trabalho de revisão nos solos infantis e de como estes trabalhos serão colocados no Festival. A ideia é ter maior concentração de bons trabalhos e, por isso, decidimos por este movimento. Mas o Festival nunca está fechado, ele é dinâmico e isso pode ser mudado no futuro — afirma Rui.

Joinvilenses no Meia Ponta

O Meia Ponta começa com apresentações de conjunto e de solo feminino de dança contemporânea, e de conjuntos de danças urbanas e sapateado. Serão 17 coreografias nesta primeira tarde, com a presença de 18 crianças joinvilenses. Abrindo os solos de dança contemporânea, Alice Melatti apresenta "A Um Degrau de…", coreografia de Fernando Lima. Logo depois, os 17 integrantes do conjunto infantil do Allisson Pereira Studio de Dança sobem ao palco com "Space", de danças urbanas.

Alice, dez anos, ensaia para o Meia Ponta
Alice, dez anos, ensaia para o Meia Ponta (Foto: Salmo Duarte)

Alice tem dez anos e compete no Meia Ponta pela segunda vez com um solo de dança contemporânea. Ela começou as aulas aos oito anos, em uma turma de adultos do Grupo AZ Arte, já que o gênero não costuma atrair bailarinos tão jovens.

— Eu me lembro do ano passado, quando eu entrei no [Teatro] Juarez Machado para dançar pela primeira vez, que era uma coisa que eu sempre quis: participar do Festival de Dança — conta a menina, que no ano passado levou o segundo lugar.

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Os alunos de Alisson Pereira são ainda mais veteranos no Meia Ponta: para muitos deles, será o último ano na categoria infantil. Nas duas primeiras participações, o grupo ficou com o segundo lugar. Além disso, o único bailarino a conquistar duas premiações como melhor do Meia Ponta — até porque as premiações especiais começaram há dois anos — faz parte da companhia: Marcelo Victoria Filho, o Marcelinho, que no ano passado também conquistou primeiro lugar no solo masculino de danças urbanas.

Marcelinho ganha o segundo prêmio de melhor bailarino do Meia Ponta, em 2019
Marcelinho ganhou o segundo prêmio de melhor bailarino do Meia Ponta, em 2018 (Foto: Nilson Bastian, divulgação)

Apesar da juventude e de serem "prata da casa", há muita dedicação envolvida para chegar ao Festival de Joinville.

— Eles tem aulas regulares durante a semana e, quem quer participar do Festival, ensaia aos sábados. É quando eles têm preparação física, alongamento, noções de alimentação e as aulas de coreografia – explica Allisson.

Joinville também está representada no Meia Ponta na quinta-feira, com apresentações de danças populares brasileiras e internacionais da Companhia de Dança Liliana Vieira. Em 2018, ela levou o prêmio de Melhor Grupo do Meia Ponta.

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As meninas da Companhia de Dança Liliana Vieira, que em 2018 receberam o prêmio de Melhor Grupo
As meninas da Companhia de Dança Liliana Vieira, que em 2018 receberam o prêmio de Melhor Grupo (Foto: Nilson Bastian, divulgação)