A velocidade com que as relações se estabelecem e que as conexões transformam as formas de viver e de trabalhar no mundo contemporâneo passou pelo palco do Teatro Juarez Machado nesta segunda-feira, quando foi apresentado o resultado do Work in Progress de Prática de Montagem em Musicais. O espetáculo, batizado de Tropicalia Card Board, é também um fruto da agilidade e das possibilidades que a tecnologia oferece: o elenco se conheceu em 12 de julho, quando chegou em Joinville para começar a fazer aulas e a preparar a montagem com o bailarino, coreógrafo e produtor Alan Rezende.

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A apresentação ocorreu ontem, às 17 horas, e provavelmente nunca mais se repetirá: ela nasceu para cumprir a função do projeto, com artistas de diferentes lugares do país que passaram os últimos dez dias completamente dedicados à preparação deste musical.

As inscrições para participar deste projeto ocorreram em abril e os interessados precisavam enviar currículo e um vídeo com uma performance para serem selecionados. Além de Alan, a coreógrafa Esther Weitzman também ofereceu um work in progress de dança contemporânea, que teve seu espetáculo-resultado apresentado no domingo.

— Eu quis abrir bastante e diversificar a turma, para não ter apenas pessoas que cantam e dançam, mas também na parte técnica. Afinal, um musical é formado pelas três áreas — afirma Alan.

Antes das aulas começarem, ele já havia começado a orientação do grupo, utilizando o método de sala de aula invertida, com textos e vídeoaula enviados previamente. Em 12 de julho, os participantes se encontraram em Joinville para dar início ao processo intensivo de aulas e ensaios todos os dias, durante seis horas por dia. Neste período, experimentaram a criação de uma peça teatral de cerca de 35 minutos desde o início, ainda que o mundo digital seja um assunto que Alan já estuda e que permeia seus outros trabalhos mais recentes.

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— Estou acostumado também a fazer musicais em pouco tempo, mas é sempre desgastante e há uma estrutura profissional por trás. Aqui eles não eram profissionais, mas o produto final tinha que ser — explica Alan.

O elenco levou para o palco situações do dia a dia em um mundo que já está acostumado ao celular — afinal, ele faz parte da rotina da maioria há pelo menos 20 anos — e que vive em ambientes artificiais com naturalidade. Para o coreógrafo, houve apenas um deslocamento desta realidade para a cena, em uma investigação de como a tecnologia influencia no comportamento das pessoas. É um tema, analisa Alana, que faz parte do passado, do presente e continuará em discussão no futuro.

— Tudo o que está em cena já é natural para todo mundo. O que fizemos foi tratá-los teatralmente, mostrando como reagimos a este mundo digital — conta ele.

O Work in Progress começou a ser realizado nesta edição do Festival de Dança de Joinville, como um projeto piloto. Os participantes selecionados para este programa de estudos intensivo receberam alimentação e alojamento gratuitos neste período, como uma forma de fomentar a profissionalização de artistas no país.

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