Aos 36 anos, Fernando é um veterano no Festival de Joinville. Ele tinha 14 anos quando competiu pela primeira vez e, aos 16, foi selecionado para a Mostra Competitiva com uma coreografia autoral. Neste período, viu Joinville ganhar mais contornos profissionais na área da dança e o Festival ampliar sua importância no Brasil.

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– Eu digo que sou filho do Festival, porque tudo o que aprimorei foi dentro dele, e os contatos que fiz para intercâmbios, conheci nele. O Festival foi minha formação – analisa.

Fernando já assistia ao Festival de Dança desde que era criança e acompanhava o pai, o fotógrafo Amarildo Forte, na cobertura do evento. Quando demonstrou interesse em dançar, foi o pai que o levou à uma academia que já tinha o prestígio de ser selecionada para a Mostra Competitiva do Festival para fazer a matrícula. Depois, participaria de várias escolas e projetos que existiram na cidade entre os anos 1990 e 2000, até criar a própria companhia.

— Comecei a colocar a mochila nas costas e ir para São Paulo tentar me especializar em dança para começar a aplicar em Joinville. Foi tudo muito precoce, mas eu não tive escolha — recorda ele, lembrando de um tempo, não muito distante de 2019, quando Joinville não tinha cursos de formação técnica.

Por isso, quando o mês de julho chegava, o bailarino e coreógrafo aproveitava para participar dos cursos com grandes mestres da dança brasileira que vinham a Joinville para atuar como jurados da Mostra Competitiva e oferecer aulas de diferentes gêneros. Foi assim que tornou-se aluno de Roseli Rodrigues, coreógrafa de dança contemporânea e jazz que, com a Raça Cia. de Dança, de São Paulo, conquistou mais de 80 prêmios nacionais e internacionais. E foi no Festival também que conheceu outros bailarinos e coreógrafos com que pode estabelecer relações para estudos e apresentações fora da cidade.

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— Mundialmente, está tudo muito acessível. Hoje Joinville disponibiliza muita coisa bacana, de conhecimento e formação. Perto da minha época está muito mais fácil.

Atualmente, Fernando é diretor de uma companhia formada por bailarinos que têm entre 18 e 37 anos. A maioria vive da dança, ainda que a companhia não seja a principal fonte de renda: são professores, ensaiadores e coreógrafos que desdobram-se para seguir a profissão sem precisar deixar os palcos.

— Completamos 15 anos de grupo em agosto, mas sempre tive muito problema com reposição de bailarino, por que uns vão embora, outros envelhecem. Mas, agora, tem muito talento vindo por aí, dentro do grupo, inclusive trabalhando com criação — avalia Fernando.

Depois de dez anos de parceria com o Grupo AZ Arte, escola de artes da cidade, ele se prepara para abrir um estúdio próprio, o Centro de Dança e Pesquisa Fernando Lima. Nele, pretende homenagear ícones que passaram pela sua vida e que passaram pelo Festival de Joinville, entre eles, Roseli Rodrigues e a outra Moa Nunes, dando a eles os nomes das salas de dança.

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