— A gente recomenda que a pessoa nem tome essa nossa cerveja.

É desse jeito bem-humorado que Wagner Falci, cervejeiro da Daoravida, se refere a um dos estilos que trará para o Festival da Cerveja: uma black IPA com pimenta Carolina Reaper, considerada a mais forte do mundo. O rótulo tem 7,8% de teor alcoólico e índice de IBU na casa dos 78. Mas o detalhe está na ardência.

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— É uma paulada. Uma cerveja extrema que a gente sugere que o visitante nem mesmo experimente. Mas a galera é curiosa (risos) — completa Falci.

Opções diferentes não faltam no Festival Brasileiro da Cerveja deste ano, que vai de quarta-feira (11) até sábado (14) no Parque Vila Germânica, em Blumenau. As cerca de 100 cervejarias participantes buscam não apenas marcar território no mercado nacional, como também trazer estilos que as pessoas poderão experimentar somente ali.

É o caso da Irmãos Ferraro, do Rio Grande do Sul. Além de uma curiosa sour weiss com limão siciliano e pimenta rosa, a cervejaria trará para o festival uma american imperial stout com 14% de álcool e frutas na receita — como morango, amora, pêssego, limão e abacaxi.

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— Se for para tomar sempre a mesma coisa, as pessoas não irão para o festival. É um lugar para experimentar coisas diferentes. Para as empresas é também um laboratório, onde elas conseguem ver se o estilo agrada as pessoas e se vale a pena produzir — aponta Rodrigo Ferraro, cervejeiro e um dos sócios da cervejaria.

Cervejas mais alcoólicas, inclusive, também estão no rol de opções do Festival Brasileiro deste ano. A também gaúcha Leopoldina, por exemplo, quer surpreender com uma barley wine com 14% de álcool. Um pouco mais extrema é a eisbock da catarinense Bierbaum, de Treze Tílias. A marca aposta no estilo que é feito com uma técnica que envolve o congelamento da cerveja para deixá-la mais concentrada. Esse processo extrai a água e torna o produto final ainda mais alcoólico. No caso dessa, são 15% de álcool.

"Fugir da mesmice cervejeira"

A curitibana Bodebrown é conhecida por explorar o mercado de cervejas extremas. Chegou a trazer para o Festival, anos atrás, uma “ice-double perigosa” com incríveis 23% de álcool. Esse ano, porém, a marca repete a estratégia do ano passado e trará 18 rótulos. As mais diferentes têm mosto de uva na composição, e muitas são envelhecidas em barris utilizados por vinhos – de uvas como sauvignon blanc e cabernet sauvignon.

Para Samuel Cavalcani, CEO da Bodebrown, o mercado cervejeiro pede inovações e produtos que captem os sentidos e tragam experiências diferentes às pessoas:

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— É importante fazer isso para fugir do mundo da mesmice cervejeira. Não somos a Alemanha, ou a Bélgica. Somos o Brasil, que tem a própria identidade sensorial. Temos que explorar o que temos de forma genuína. Só assim teremos um produto que se diferencie dos demais — destaca Cavalcani. A Bodebrown, inclusive, tem uma premiada cerveja que leva cacau na receita.

Catarinenses exploram as Catharina Sour

Único estilo brasileiro reconhecido por órgãos internacionais, a Catharina Sour é explorada por cervejarias de Santa Catarina. A Antídoto, de Blumenau, em parceria com a comunicadora Larissa Guerra, da Atlântida FM, lançará no festival um rótulo com abacaxi, alecrim e pimenta rosa. A Bierland, da Itoupava Central, levará 20 opções, sendo que seis são catharinas (caju, maracujá, tangerina, abacaxi com hortelã, amora e cranberry).

A Itajahy terá no estande uma opção com araçá, um amarelado fruto presente em algumas regiões do litoral catarinense. A cervejaria itajaiense também trará um estilo alternativo belga chamado patersbier e uma torta de limão – uma IPA com raspas de limão, baunilha e lactose na composição. Esse último, um tanto quanto alternativo, terá 6,8% e IBU (índice de amargor) na casa dos 45.

No total, as cerca de 100 cervejarias presentes no Festival da Cerveja levarão ao público mais de 1 mil rótulos diferentes durante os quatro dias do evento.

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