Produção internacional falada em inglês, francês, russo e eslovaco, entre outras línguas, o longa-metragem 360, de Fernando Meirelles, deu força e glamour à abertura do 40º Festival de Gramado. Pareceu um tantinho deslocado da proposta do evento, voltada ao cinema brasileiro e latino-americano. Foi aplaudido, na noite de sexta-feira, por um Palácio dos Festivais mais cheio do que o usual – consequência do barateamento radical dos ingressos, uma das boas novidades desta edição.

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Ao apresentar o filme, Meirelles chamou-o de “pequeninho” e afirmou se tratar de uma história sobre o amor e os relacionamentos, aqui abordados de maneira “absolutamente nova” tendo em vista a carreira pregressa do diretor de Cidade de Deus e Ensaio sobre a Cegueira. Não deixa de ser curioso o fato de que 360 é oposto a O Jardineiro Fiel em sua abordagem do tema – se no longa de 2005 o cineasta falava da dedicação apaixonada e irrestrita de um homem por uma mulher, o que se vê agora é um panorama das relações contemporâneas a partir de uma série de atos de infidelidade.

Maria Flor atraiu as atenções no tapete vermelho e no saguão do Palácio dos Festivais. Na tela, ela vai bem ao contracenar com Anthony Hopkins, o principal destaque do elenco, em um dos diversos núcleos dramáticos do filme – em outro, o gaúcho Juliano Cazarré, uma das ausências mais sentidas de Gramado 2012, divide a cena com Rachel Weisz e Jude Law. 360 é assim: uma série de histórias interconectadas em diversas cidades europeias, quase todas com seus respectivos momentos inspirados, porém amarradas de modo um tanto esquemático.

A projeção iniciou com um atraso de cerca de 10 minutos após o apagar das luzes, devido a um problema técnico no gerador de energia do Palácio. Nada comprometedor, especialmente se comparado à sessão do segundo longa da noite, o primeiro da mostra competitiva, Eu Não Tenho a Menor Ideia do que Tô Fazendo com a Minha Vida. Enquanto o filme de Matheus Souza era exibido, ouvia-se a música ao vivo de um bar vizinho que o isolamento acústico do cinema não conseguiu deter – sua cena mais bonita e impactante, por exemplo, foi projetada ao som da cover de Another Brick in the Wall, do Pink Floyd.

Ainda que não tenha sido vexatório como as projeções em DVD realizadas no ano passado, não pegou bem.

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