Imigrantes das Ilhas dos Açores colonizaram o litoral catarinense, e a influência deles segue sendo muito forte até os dias atuais. Neste início de semana circulam pelo menos três notícias relacionadas a esse tema. A primeira, é que a Escola de Oleiros Joaquim Antônio de Medeiros, de São José, receberá o Troféu Açorianidade 2017, na categoria Instituição de Ensino/Cultura. Está completando 25 anos, e mantem viva a tradição do trabalho com o barro, trazida pelos primeiros açorianos. A escola, única do gênero na América Latina, é mantida pela prefeitura e oferece cursos gratuitos à população. Atende, anualmente, cerca de 200 alunos, instituições de ensino e grupos organizados. Também realiza exposições e oficinas pelo Estado e é referência no manuseio da cerâmica na região. Receberá seu troféu hoje, durante o lançamento oficial da 24ª Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina – Açor, no Clube 7 de Setembro, em Palhoça.

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A segunda informação é que a geógrafa e historiadora Maria do Carmo Ramos Krieger, descendente de açorianos da Ilha Terceira, está escrevendo um livro que se chamará “Penha: Relicário do Divino”. Morando na região há muitos anos, ela passou a se interessar cada vez mais pelas atividades desenvolvidas pelo povo de Penha em torno da Festa do Divino (já em sua 181a. edição), começando, então, a estudar esta festa religiosa mais a fundo. Cada capítulo revela a dedicação e a devoção de um povo ao Divino Espírito Santo, culminando anualmente na organização e execução desta festa tão tradicional, trazida pelos colonizadores. O livro, ricamente ilustrado, já está na fase de diagramação. Para conseguir publicá-lo, Maria do Carmo lançou uma campanha de arrecadação de recursos online, que está disponível no endereço http://bit.do/relicario. A festa do Divino que acontece em Penha é a que melhor manteve as características originais da tradição herdada dos Açores, onde é conhecida como Bodo do Divino.

Por fim, uma iniciativa muito bacana que tem como objetivo não deixar morrer estas tradições trazidas pelos colonizadores. Os alunos do quinto ano da EBM Brigadeiro Eduardo Gomes, de Florianópolis, tiveram uma aula especial de história semana passada: Eles visitaram a residência de Geralcino Fernandes, 80 anos, morador do bairro Areias do Campeche, e que mantém viva a tradição de carro de bois. A visita fez parte do projeto “Os açorianos em Santa Catarina”, desenvolvido com a professora Greyce Bressan. “Seu Chinico”, como ele é conhecido na comunidade, mostrou para as crianças a sua junta de bois, considerado o mais primitivo meios de transporte de cargas em Santa Catarina. O momento mais festejado foi quando elas puderam passear no veículo pelas ruas do bairro, recebendo muitos acenos dos moradores do bairro. O projeto “Os açorianos em Santa Catarina” é desenvolvido todas as quintas-feiras, e tem por objetivo manter viva a história e as tradições trazidas de além-mar desde o século XVIII. Uma bela iniciativa.

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