De mãos dadas com o filho do meio, subindo a calçada do condomínio onde mora no bairro Coqueiros, em Florianópolis, o volante do Figueirense, Ferrugem, recebeu a reportagem do DC no feriado de Tiradentes para um bate-papo. Feliz com a fase do time, que não perde há sete jogos e totalmente adaptado à capital catarinense, o jogador destacou a qualidade do grupo comandado pelo técnico Vinícius Eutrópio e contou que espera fazer um grande Campeonato Brasileiro com o Furacão. Há pouco mais de um mês em Floripa, Ferrugem foi peça fundamental na arrancada do Figueira no Catarinense. O atleta encaixou como uma luva no esquema do time, mas atribui todo o entrosamento à qualidade dos companheiros.
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– Todo o atleta gosta de chegar e já se encaixar na equipe. Sabemos que às vezes isso não acontece por conta da adaptação, mas a minha foi muito rápida. Os companheiros ajudam e fica mais fácil jogar com um time que tem muita qualidade. Infelizmente hoje não estamos disputando uma final porque no começo do Catarinense a equipe não foi muito bem, mas fico feliz de já ter me identificado com o clube, de ter essa sequência de jogos e tudo isso ajuda. Sabemos que o Brasileiro é uma competição difícil e não queremos brigar para não cair, queremos algo mais e nosso grupo é muito bom – contou Ferrugem.
Ferrugem, volante do Figueirense, conta como foi bem acolhido em Florianópolis
– A minha enteada é meu xodó, minha menina, que infelizmente não está morando com a gente aqui por causa do colégio. Gosto de estar em família, de sair para almoçar e jantar com eles, além de brincar.
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Até o pequeno Bryan se manifestou neste momento a entrevista.
– Gosto de brincar de tudo – disse o menino, que logo ficou tímido e abraçou o pai.
– Bryan gosta de jogar bola, correr, de lutinha, ficamos brincando muito, estou sempre fazendo muita palhaçada com eles.
Sonho quase abandonado
Nem tudo deu muito certo na vida de Ferrugem, que começou a jogar futebol aos seis anos, quando o pai o colocou na escolinha. A carreira quase foi interrompida após uma dispensa.
– Comecei a jogar e a tomar gosto pelo esporte, mas com 10, 11 anos eu falei que iria ser médico. Com 12 anos saí de casa pela primeira vez para ir para o Cruzeiro, aí falei “Ah, é isso que eu quero, ser jogador”. Fiquei ralando, viajava para um canto e para o outro até que fui para o Criciúma, na categoria de base, em 2006/2007, mas fui dispensado. Foi quando eu desisti do futebol. Ia fazer 20 anos, não tinha contrato profissional e pensei, vou procurar um trabalho. Arrumei um emprego numa fábrica de pimenta. O sonho de ser médico já tinha passado, porque eu não estudei. E é o que eu falo para todos os jogadores, estudem! Fiz o ensino médio completo, mas não fiz faculdade. Arrumei o emprego, ia começar a trabalhar na segunda-feira e foi quando um cara de um time da minha cidade lá de São Mateus (ES) me convidou para jogar, e isso era uma sexta-feira. Aí eu falei “vou tentar pela última vez” e deu certo. Fomos campeões capixabas, fiz o gol do título, de lá fui pro Gama, depois para o Brasiliense e foi quando a minha carreira começou a crescer, Graças a Deus – relembrou.
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Há oito anos como profissional, Ferrugem conta que já passou por diversos momentos engraçados na carreira. Um deles, quando ainda jogava pelo Gama, quase acabou mal, mas quem tem amigos, tem tudo, não é mesmo? Nem sempre…
– Teve um jogo que acabei arrumando uma confusão. Tinha um amigo meu, um zagueiro chamado Pedrão, que está até hoje no Gama, ele era forte e eu confiava muito nele. Meu amigão. Teve um jogo que sofri uma falta, aí levantei rápido, só que o cara era mais forte que eu, mais alto e eu olhei para o cara, o cara olhou par mim e falou: “O que é que foi?” Eu olhei para o Pedrão, vi que ele estava vindo correndo, aí pensei “Ah, o Pedrão vai me ajudar”. Já fui para cima do cara e o Pedrão chegou e falou: “Ferrugem você não viu o tamanho do cara?” Até o Pedrão ficou com medo do cara e aí saímos de perto – encerrou, aos risos.