Como escapar da bagunça do Carnaval – e encontrar refúgios para aproveitar o feriado e os dias de verão longe das marchinhas e do confete? Para quem ama a folia, essa pergunta pode parecer surreal; mas a verdade é que muita gente procura passeios e locais alternativos para fugir do movimento e aproveitar o feriado prolongado para descansar, relaxar e entrar em contato com a natureza. Se você está nesse time, vai gostar da nossa lista: selecionamos dez destinos e roteiros para quem quer passar o Carnaval de um jeito diferente – algum deles certamente combina com o seu perfil.

Continua depois da publicidade

Para os iniciantes em trilhas: Cachoeira da Solidão e Praia do Saquinho

No sul da Ilha de Santa Catarina, a Praia da Solidão é procurada pela beleza, pela tranquilidade, pelo verde que a cerca e pela areia branquinha – apesar do mar agitado e das águas geladas. Ali pertinho, em meio à Mata Atlântica, fica a Cachoeira da Solidão – e chegar até ela é fácil: é só atravessar a ponte sobre o Rio das Pacas e subir, à direita, por uma trilha de cerca de 15 minutos, numa caminhada leve e sem dificuldades. A cachoeira é pequena, mas forma uma piscina natural de água cristalina. Chegue cedo: à tarde, na alta temporada, o local costuma ficar mais movimentado.

Pequena e cercada de mata, a Praia do Saquinho é ainda mais
Pequena e cercada de mata, a Praia do Saquinho é ainda mais “escondida” que a irmã Solidão (Foto: Felipe Carneiro)

Ali perto, ainda mais ao sul, fica também a Praia do Saquinho: pequena e cercada de mata e algumas poucas casas simples, a praia é ainda mais "escondida" que a irmã Solidão, e pode ser acessada a partir da rua principal que leva à primeira praia. Em determinado ponto, a rua se torna uma trilha de concreto que segue pelo costão e leva até a outra praia. São cerca de 30 minutos de caminhada, com algumas subidas e descidas, e uma vista de tirar o fôlego: a trilha em si é quase um mirante. Na Praia do Saquinho, o ponto famoso é o Bar do Quirino, que serve comida e bebida a quem visita o local.

Para quem não suporta frio: Urubici

É isso mesmo que você leu: Urubici é considerada uma das cidades mais charmosas e atrativas da Serra Catarinense, mas quem decide visitar o município no auge do inverno precisa encarar o clima gelado da região. Se você não gosta de frio, que tal conhecer Urubici durante o verão? As belezas naturais, afinal, estão lá o ano inteiro: o Morro da Igreja, por exemplo, ponto mais alto habitado da região sul do Brasil, a 1822 metros de altitude, que oferece uma vista incrível da região – incluindo a famosa Pedra Furada (as visitas ao Morro são controladas e precisam ser agendadas previamente – é bom se planejar!). Na estrada que dá acesso ao Morro, há outro ponto turístico: a Cascata Véu de Noiva, com 62 metros de altura.

Urubici é considerada uma das cidades mais charmosas e atrativas da Serra Catarinense
Urubici é considerada uma das cidades mais charmosas e atrativas da Serra Catarinense (Foto: Evandro Badim)

Outros locais muitos visitados são o Morro do Campestre, com sua peculiar formação de arenito e uma vista especialmente bonita ao pôr-do-sol; e a Cascata do Avencal, uma queda d'água de fácil acesso, com cerca de 100 metros de altura. Na Rodovia SC-403, indo em direção à São Joaquim, também há um conjunto com inscrições rupestres, a apenas cinco quilômetros do centro de Urubici: seus autores fizeram as gravações no paredão de rochas do Morro do Avencal há cerca de três mil anos.

Continua depois da publicidade

Para os corajosos: Pedra Branca

Localizada na cidade de São José, na Grande Florianópolis, a trilha da Pedra Branca é uma das mais conhecidas da região – mas exige disposição e um bom preparo físico, já que o percurso é bastante inclinado. Também é preciso cuidado: o trecho final é por uma trilha estreita e bastante erodida, cercada de barrancos, o que pode oferecer certo risco se a subida for feita sem a devida atenção. Vá acompanhado e suba com calma, respeitando seus limites: a vista do topo compensa! De lá, em um dia com boa visibilidade, é possível enxergar Florianópolis de ponta a ponta, de Daniela a Naufragados, além das cidades São José, Palhoça e Santo Amaro da Imperatriz.

O pôr-do-sol, visto do Morro da Pedra Branca
O pôr-do-sol, visto do Morro da Pedra Branca (Foto: Daniela Mohr)

A Pedra Branca se ergue a cerca de 500 metros de altitude, e a estimativa de idade do morro que a abriga é de 120 milhões de anos. A trilha que leva até o topo pode ser acessado por diferentes pontos: pela Colônia Santana ou Sertão do Maruim, em São José; ou pelo Caminho Novo ou São Sebastião, em Palhoça. O local costuma ser bastante movimentado: não só pelos fãs de trilhas, mas também por praticantes de motocross, rapel, escalada e mesmo camping.

Para relaxar: Santo Amaro da Imperatriz

A trinta quilômetros de Florianópolis, fica a cidade de Santo Amaro da Imperatriz, conhecida por suas fontes termominerais: hotéis e spas oferecem acomodações e serviços que pretendem justamente permitir que os turistas e moradores se beneficiem das propriedades das termas – os banhos a cerca de 41º C relaxam os músculos e são indicados até para o tratamento de reumatismos e problemas dermatológicos. As águas foram também o atrativo que ocasionou a visita de D. Pedro II e Dona Tereza Cristina em 1845: a passagem da corte portuguesa pelo município é responsável pelo tombamento de alguns prédios, considerados agora patrimônios históricos.

Os banhos a cerca de 41º C relaxam os músculos e são indicados até para o tratamento de reumatismos
Os banhos a cerca de 41º C relaxam os músculos e são indicados até para o tratamento de reumatismos (Foto: Felipe Carneiro)

Mais de 60% do território de Santo Amaro da Imperatriz é coberto por Mata Atlântica; portanto, também é fácil encontrar locais dedicados ao turismo rural e de aventura. Que tal passar uma manhã praticando rafting, rapel ou arvorismo, e depois descansar nos relaxantes banhos de imersão?

Continua depois da publicidade

Para quem quer sossego: Naufragados

Nesta praia no extremo sul de Florianópolis, só é possível chegar a pé ou de barco: a trilha que leva até lá tem cerca de 2,6 quilômetros de extensão e começa na Caieira da Barra do Sul, onde termina o calçamento. O percurso não é difícil: os desníveis são leves, e a trilha é bem demarcada – só é preciso cuidar para não escorregar no solo ou nas pedras cobertas de limo em diversos pontos, já que há riachos pelo caminho. Caminhando sem pressa, chega-se à praia em cerca de 45 minutos.

À frente da praia, é possível ver a Ilha da Fortaleza, onde se localiza a Fortaleza de Araçatuba, construída no século   XVIII
À frente da praia, é possível ver a Ilha da Fortaleza, onde se localiza a Fortaleza de Araçatuba, construída no século XVIII (Foto: Guto Kuerten)

Naufragados fica em uma área de preservação, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, portanto, não há hotéis ou comércio no local, e mesmo os restaurantes são poucos. No costão direito há um farol e uma bateria de canhões, que podem ser acessados por outra pequena trilha. À frente da praia, é possível ver a Ilha da Fortaleza, onde se localiza a Fortaleza de Araçatuba, construída no século XVIII. Se estiver cansado, você pode pegar um barco para voltar para Caieira. Que tal almoçar ou jantar no Ribeirão da Ilha na volta?

Para se refrescar na água doce: Estrada do Salto 1 e Cachoeira do Piraí

Na região rural de Joinville, a Estrada do Salto 1 é muito procurada por quem quer tomar banho de rio – é possível mergulhar em diversos pontos ao longo do caminho. A estrada termina na cachoeira Piraí, onde, em 1909, foi inaugurada uma usina hidrelétrica; o que tornou a cidade uma das primeiras do Brasil a contar com energia elétrica já no começo do século XX. Além da importância história, o local forma um belo cenário, composto pela água limpíssima caindo por uma altura de mais de 100 metros em frente ao paredão rochoso.

Na cachoeira Piraí, em 1909, foi inaugurada uma usina hidrelétrica
Na cachoeira Piraí, em 1909, foi inaugurada uma usina hidrelétrica (Foto: Rogerio da Silva)

Não custa alertar que o caminho de carro até a cachoeira é estreito e cheio de curvas, além de poder ficar bastante escorregadio depois de chuvas – vá com calma e com cuidado. Joinville também é cheia de outros locais bastante buscados pelos moradores para um banho de rio no verão – confira aqui a lista dos mais populares.

Continua depois da publicidade

Para quem tem crianças: Projeto TAMAR

Na Barra da Lagoa, em Florianópolis, fica uma das bases do Projeto TAMAR, que tem unidades espalhadas por todo o Brasil. O local conta com cinco tanques de observação com exemplares das espécies de tartarugas marinhas que desovam no Brasil; e também realiza um trabalho de conscientização e educação ambiental por meio de vídeos, documentários e apresentações. Na área central da base, estão em exposição cascos de diversas espécies de tartarugas, além de esqueletos, como o de um golfinho nariz-de-garrafa e o de uma tartaruga de couro.

A unidade do TAMAR em Floripa é a segunda que mais atrai visitantes em todo o Brasil
A unidade do TAMAR em Floripa é a segunda que mais atrai visitantes em todo o Brasil (Foto: Felipe Carneiro)

A unidade do TAMAR em Floripa é a segunda que mais atrai visitantes em todo o Brasil, e a que mais recebe escolas. Visitas orientadas são realizadas diariamente, às 11h e às 16h30. Às 15h30 as tartarugas são alimentadas, e, aos finais de semana, as crianças podem auxiliar os tratadores nessa tarefa. Os tratadores também costumam convidar as crianças presentes a participar na hora do banho dos bichinhos. O passeio é leve, divertido, e, de quebra, educativo.

Para um passeio em família: Parque Ecológico Maracajá

Maracajá fica na região sul de Santa Catarina, à margens da BR-101 – e o parque ecológico da cidade é um dos principais atrativos da região. Um dos grandes patrimônios naturais localizados no estado, o local preserva o pouco de Mata Atlântida que resta nos arredores, e é uma dica de passeio em família. Árvores, muita sombra e churrasqueiras são o cenário perfeito para um piquenique ou churrasco!

Um dos grandes patrimônios naturais localizados no estado, o local preserva o pouco de Mata Atlântida que resta nos arredores
Um dos grandes patrimônios naturais localizados no estado, o local preserva o pouco de Mata Atlântida que resta nos arredores (Foto: Itaionara Recco)

O parque também tem muitas trilhas; inclusive uma suspensa, de 1,2 mil metros, que foi reformada nos últimos anos – por lá, é possível ver de perto diversos animais nativos, como macacos-prego e tucanos. As árvores são sinalizadas, com plaquinhas indicando a qual espécie pertence cada uma. É preciso pagar entrada para acessar o parque, e a pulseirinha dá direito a sair e entrar quantas vezes quiser no mesmo dia.

Continua depois da publicidade

Para se desafiar: trilha do Rio do Boi

Que tal uma trilha com nada menos que 12 quilômetros de extensão? A trilha do Rio do Boi fica em Praia Grande, na fronteira com o Rio Grande do Sul, e leva os aventureiros pela parte interna do Cânion do Itaimbezinho, desfiladeiro que faz parte do Parque Nacional Aparados da Serra. Além de longo, o caminho é desafiador: inclui trechos de mata fechada e várias travessias de rio – o esperado é que o passeio completo dure em torno de oito horas.

A trilha leva os aventureiros pela parte interna do Cânion do Itaimbezinho
A trilha leva os aventureiros pela parte interna do Cânion do Itaimbezinho (Foto: Junior Scandolara Claudino)

Como a trilha faz parte de uma área de preservação, só é possível fazer o percurso na companhia de um guia credenciado. Lembre-se também de usar sapatos e equipamentos adequados e tomar muito cuidado durante o passeio: as margens do rio são todas de pedras, muitas delas soltas ou cobertas de limo. E a água é fria – só para os corajosos! Mas as paisagens compensam: são vários paredões rochosos, piscinas naturais de água limpíssima, cachoeiras, e, claro, a vista do cânion do Itaimbezinho, uma das principais atrações do percurso.

Para os dispostos: Lagoinha do Leste

Chegar à Lagoinha do Leste, em Florianópolis, não é uma tarefa das mais fáceis. Existem duas opções de trilhas para acessar o local: uma parte da Praia do Matadeiro e tem cerca de quatro quilômetros de extensão; a outra, saindo do Pântano do Sul, é mais curta, com cerca de 2,3 quilômetros – mas mais íngreme, o que pode ser igualmente cansativo. São cerca de três horas de caminhada na primeira, e pelo menos uma hora de subida na segunda. Os mais aventureiros podem experimentar as duas opções: escolher uma trilha na ida, e outra na volta. Já quem não tem tanta disposição assim pode usar um truque: ir e voltar de barco, partindo da Praia do Pântano do Sul e da Armação.

Justamente por causa do acesso difícil, a Praia da Lagoinha do Leste está muito bem preservada
Justamente por causa do acesso difícil, a Praia da Lagoinha do Leste está muito bem preservada (Foto: Charles Guerra)

Justamente por causa do acesso difícil, a Praia da Lagoinha do Leste, localizada em meio à Mata Atlântica, está muito bem preservada – desde 1992, aliás, o local é classificado por lei como Área de Preservação Permanente. Não há comércio na região, então lembre-se de levar protetor solar, alimentos e muita água! O mar é gelado, mas a água da lagoa que batiza a praia tem temperatura mais agradável – ambas cristalinas! No costão sul fica o Morro da Coroa, ponto de onde são registradas a maioria das fotos da Lagoinha do Leste que fazem sucesso no Instagram – mas, para chegar lá, são pelo menos mais 40 minutos de subida bastante íngreme, que exige calma, cuidado e atenção: um tropeço ali pode resultar em um acidente sério. O alerta também vale para a descida!

Continua depois da publicidade