EL James queria ser escritora. Publicar, experimentar a satisfação de admirar um título seu na estante da livraria. Transformou-se num fenômeno espetacular.

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O volume inicial da trilogia erótica Cinquenta Tons de Cinza tem lançamento no Brasil em 1º de agosto, com 200 mil exemplares, revelando a mágica que transformou uma fã da saga Crepúsculo em uma das maiores best-sellers de todos os tempos: sexo – muito sexo – sadomasoquista.

Inglesa, mãe de dois filhos, EL começou a rascunhar o enredo na internet, e o alvoroço virtual chamou a atenção de uma editora australiana. Mais tarde, os direitos de publicação foram adquiridos pela gigante americana Random House. A trama concebida por Erika Leonard, a identidade real por trás do pseudônimo, vendeu impressionantes 10 milhões de exemplares em seis semanas nos Estados Unidos. É a primeira autora a alcançar 1 milhão de cópias comercializadas no Kindle – o leitor digital permite que a parcela mais acanhada do público se entregue a chicotes, mordaças, algemas e cera quente sem se constranger com olhares inquisidores ao redor.

Cinquenta Tons de Cinza tem início quando a estudante de Literatura Anastasia Steele, 21 anos, vai ao encontro do bilionário Christian Grey para conduzir uma entrevista à qual uma amiga, doente, não poderia comparecer. Instantânea, a atração desconcerta a jovem, e a partir dali o charmoso e enigmático empresário começa a tonteá-la com presentes caros e um intenso flerte. Os componentes a inflamar o enredo: ela é virgem, e ele procura uma parceira de perfil submisso para dominar, uma escrava sexual que controlará por completo, não apenas nas práticas pouco convencionais na intimidade.

– Na essência, é uma história de amor. É fantasia. Quem somos nós para julgar o que adultos, com o consentimento do parceiro, fazem dentro do quarto? – disse EL em entrevista à emissora britânica BBC.

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Quem se inquieta antecipando a quentura das cenas mais vibrantes há de ter paciência: na versão em inglês, com 514 páginas, Anastasia consente apenas na 245. Apaixonada, a mocinha passa metade do livro pesando prazeres e sacrifícios envolvidos no acordo proposto pelo galã – e vivenciando sua iniciação sexual de forma mais convencional. Cláusulas superdetalhadas versam sobre objetos e práticas permitidos ao longo de um período de testes de três meses, estabelecendo limites de dor e punições para o caso de desejos insatisfeitos. Christian exige que ela assine.

Ouve-se ranger de dentes entre a concorrência. A nova-iorquina Erica Jong, autora de Medo de Voar, ficção erótica lançada em 1973, esbraveja: Cinquenta Tons de Cinza é mal escrito.

– A heroína é subserviente, permitindo o abuso do corpo para conseguir seu homem. A que ponto chegamos.

Os próximos títulos serão lançados em 15 de setembro (Cinquenta Tons Mais Escuros) e 1º de novembro (Cinquenta Tons de Liberdade).

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Números

> Em apenas seis semanas, Cinquenta Tons de Cinza vendeu 10 milhões de exemplares nos Estados Unidos, superando o desempenho de best-sellers como O Código Da Vinci, de Dan Brown.

> O primeiro título da trilogia chega às livrarias do Brasil com tiragem inicial de 200 mil exemplares. No país, a média dos lançamentos costuma oscilar entre 1 mil e 2 mil cópias.

> EL James é a primeira autora a ultrapassar a marca de 1 milhão de cópias comercializadas no leitor digital Kindle.

> A Universal adquiriu os direitos para adaptar a obra para o cinema por US$ 5 milhões.

> A trilogia tem sido disputada em concorridos _ e caros _ leilões de editoras pelo mundo: 37 países já podem publicar os três livros.

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CINQUENTA TONS DE CINZA

EL James

Lançamento da Editora Intrínseca, 480 páginas, R$ 39,90 (versão impressa) e R$ 24,90 (e-book).

Cotação: 3 de 5