Na onda dos vampiros que mexem com o imaginário dos quase-adolescentes, o mundo dos brinquedos ganhou uma linha de bonecas que liquidou o estoque das lojas como há um bom tempo não se via – e que chega a ser mais vendida, em algumas lojas, do que a cinquentenária Barbie.
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Com uma cabeça maior do que a boneca patricinha da Mattel e um aspecto de morta-viva, a Monster High está longe de ser febre passageira das crianças e contribui de forma significativa para o faturamento mensal das lojas em Santa Catarina. Apesar de não haver mais falta do brinquedo nos estabelecimentos, como ocorreu em outubro, no Dia das Crianças, os novos carregamentos costumam durar somente 15 dias nas prateleiras de lojistas de Blumenau e de Florianópolis.
Na Ri Happy do Shopping Floripa, o gerente Reginaldo Maurino dos Santos conta que a boneca, também da empresa Mattel, é visada desde 2010, quando estreou. No último balanço da loja, referente a maio, a Monster High representou 63,64% das vendas da Mattel, enquanto que a Barbie atingiu os 36,36%.
– Em janeiro, não consegui bater a meta de vendas da loja. Em fevereiro, quando chegou uma nova coleção da Monster High, batemos o valor que precisávamos. Teve o lançamento de uma nova Barbie no mesmo mês, mas foi a Monster High que me ajudou – conta Santos.
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Na rede de lojas Meninos e Meninas, com sede em Blumenau, as bonecas-monstro ainda não atingiram o número de vendas da Barbie, mas em menos de três anos elas representam 10% de todo o faturamento da rede, que possui 11 lojas em SC.
Visual despojado atrai consumidoras
A proprietária da Meninos e Meninas, Maria da Glória Silva, acredita que o investimento da Mattel em lançamentos desta linha de bonecas impulsionou as vendas no país.
– Ela saía pouco no início e explodiu no final de 2011. Recebemos, em média, 800 Monster High por mês e, agora, elas são vendidas muito rápido nas lojas, em um prazo de 25 dias – compara Maria.
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Tanto o vendedor de Florianópolis quanto a vendedora de Blumenau concordam que a boneca não veio para substituir o público da Barbie, que continua sendo líder de vendas.
Mas o crescimento da Monster dá sinais de que a nova geração se identifica com o visual mais despojado destas bonecas: em três anos, as monstrinhas com piercings e maquiagens coloridas se tornaram o segundo produto para meninas mais vendido da Mattel no mundo.
– Barbie e Monster High são bonecas com características e públicos distintos. Enquanto a primeira oferece a possibilidade de experimentar diferentes papéis, a segunda permite às crianças experimentar ser diferente – define Ana Furtado, gerente de marketing de produtos para meninas da Mattel do Brasil.
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A ótica da fã da Barbie
“Como mãe, percebo de forma positiva o interesse de nossa filha por bonecas, tais como a Barbie Collector, porque direciona o seu foco para o conhecimento geral, personalidades históricas, do cinema e outras questões que poderiam passar despercebidas em nosso dia a dia. Ela se identifica em especial com valores e as possibilidades de realização da sua vida futura, sendo que a fantasia com certeza amplia a sua criatividade. Hoje, ela faz muitos filmes com as bonecas, com assuntos da sua realidade.
O fato de colecionar também lhe possibilitou perceber o valor deste investimento, através do contato com colecionadores adultos. Já recebeu até a oferta de compra de algumas peças, porém ela diz que não pretende negociar.
A Sofia também se interessa por Monster High, inclusive leu todos os quatro livros da série, mas ela pondera que a marca tornou o site mais infantil. De qualquer forma, o interesse por Barbie não diminuiu.”
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– Cáren Pinós, 46, mãe de Sofia, de 13, que tem 100 Barbies e 26 Monster High.
A ótica da fã da Monster
“Minha filha Manuella, até um ano e meio atrás era apaixonada por Barbies e princesas de todos os tipos. Além de colecioná-las, suas roupas e suas festinhas de aniversário sempre eram sobre esses temas. No início do ano passado, contudo, seu gosto mudou completamente, quando uma amiguinha do prédio lhe mostrou as bonecas Monster High, que já eram uma febre entre a meninada.
No primeiro momento, ela achou as bonecas feias, monstruosas demais. Entretanto, dia a dia, as bonecas passaram a lhe chamar a atenção, pois elas fugiam aos padrões normais: eram assustadoras, com cabelos coloridos, supermaquiadas, com roupas de cores extravagantes. Enfim, ‘são bonitas, bonecas do bem, mas arrepiantes’, nas palavras dela.
Atualmente, passados um ano e meio, minha filha, instigada pelo inusitado, bem como pelas amigas, possui 62 bonecas monstruosas e diversos acessórios. As Barbies e princesas foram esquecidas.”
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– Mirella Oliveira, 33, mãe de Manuella, sete, que tem 62 Monster High.
PORQUE ELAS VIRARAM FENÔMENO
Nas lojas de brinquedos, quando a Barbie e a Monster High estão perto uma da outra, dá para notar que as bonecas são bem diferentes. Enquanto a Barbie está sempre com roupas combinando e maquiagem clarinhas, a Monster High geralmente vai usar roupas supercoloridas e cabelos bem chamativos. É por isso que as crianças gostam tanto das novas bonecas: elas são descoladas e têm muitos amigos diferentes. E todos eles são vampiros!