O silêncio das salas vazias da Universidade Católica de SC, em Joinville, permitiu que o som de um dos auditórios se propagasse ao encontro dos visitantes logo na entrada do prédio, entre as ruas João Colin e Blumenau. Nesta segunda-feira, o ano letivo não havia começado para os alunos, mas marcava o início do trabalho para os professores.

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Em vez de reuniões, o que recepcionou o quadro docente da universidade foram dois violoncelos. Em posição contrária a que costumam estar em sala de aula, eles não eram o centro das atenções, e sim, os ouvintes.

Os mestres do dia foram Victor Hugo Ruiz, 33 anos, e Augusto Grutzmacher, 21 anos. Os músicos participantes do 8º Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) vieram de Jaraguá do Sul cedo para acordar os ouvidos descansados da plateia. Entre solos e duos, os visitantes executaram seis peças em 45 minutos de apresentação.

O uruguaio Victor Hugo se esforçava para acertar o português entre uma composição e outra. Além de tocarem, ele e Augusto também presentearam o primeiro dia de trabalho dos professores com informação musical.

– Eu não tinha noção da complexidade do violoncelo, de suas marcações. Isso faz com que valorizemos mais o instrumento – avalia o professor de bioética e ecologia, Antônio José Ronello Júnior, 36 anos.

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Para os músicos, encontros como esse são a oportunidade de esclarecer que música clássica não é um bicho de sete cabeças.

– Muitos pensam que a música é para poucos. Não é isso. Muitos projetos sociais já estão mudando essa realidade – afirma Victor Hugo, que está na sua quinta edição como participantes do Femusc.

– No meu país (Uruguai) não há tantas oportunidades. Não há um festival como esse – conta o músico profissional, que neste ano deve fixar residência em Florianópolis para dar continuidade aos estudos com o violoncelista Hans Twitchell.

Ao final das execuções, o público não se acanhou em tirar dúvidas. Os professores fizeram perguntas sobre composições e programação do festival. Para Antônio, a visita dos músicos foi um convite para acompanhar os concertos no Centro Cultural da Scar.

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Para quem não pode conferir a programação no teatro oficial do evento, na próxima sexta-feira, Joinville volta a receber uma dose de Femusc. No penúltimo dia de festival, a apresentação é aberta ao público, no teatro do Sesc. Duas peças serão executadas, “Cantabile” (Niccolo Paganini) e “Fromm y life” (Bedrich Smetana), a partir das 20 horas.

Na Scar, os principais concertos acontecem a partir das 19 horas, com sessões também às 20 horas e às 20h30. A entrada é gratuita, mas é preciso garantir ingresso com antecedência.