Depois de oito anos sem mulheres na Câmara de Vereadores de Florianópolis, Maria da Graça Dutra, 65 anos, eleita pelo PMBD, passa a representar mais da metade da população a partir de janeiro. Mas não foram as causas feministas ou de maior representatividade que elegeram a carioca formada em História e Geografia que não vê com bons olhos o sistema de cotas para mulheres na política. Defensora dos animais, Maria da Graça ganhou 2.116 votos principalmente pelo trabalho já realizado em torno do bem-estar animal. Radicada em Santa Catarina há 16 anos, ela também pode ser incluída no grupo de um novo tipo de político: o não-político. Sou uma idealista, não sou política, declarou para a coluna na entrevista a seguir.

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Como começou a atuar na causa do bem-estar animal?

Tinha seis anos e já chorava quando via um animal mal tratado. Até já escrevi um livro sobre isso (O Cavalo do Padeiro, 2011, editado pela Palavracom e já esgotado). Depois fui crescendo e transformando sensibilidade em racionalidade. Morei muitos anos no exterior, em países da Europa. Lá eu via como os animais eram tratados de uma força muito mais evoluída. Quando meu marido se aposentou, em 2000, escolhemos Florianópolis para viver. Em 2005, criei o projeto e assumi a Diretoria do Bem-Estar Animal (Dibea). Entre 2005 e 2012 esterilizamos mais de 32 mil animais. Viramos referência nacional.

Você vai representar as mulheres depois de oito anos de uma Câmara dos Vereadores sem vereadoras. Pretende defender as causas feministas?

Sim, não são apenas os animais. Claro, o bem-estar animal é minha bandeira, mas tenho responsabilidade de votar e receber todas as demandas da cidade. Mas as mais difíceis são relacionadas com os animais. As pessoas buscam sempre seus benefícios. Tem 22 vereadores para pessoas e só eu para os animais. Quero apresentar projetos voltados à recuperação do Bem-Estar Animal para que ele volte a funcionar de forma atuante. Também quero criar a Defensoria Pública dos Animais. Sou uma idealista, não sou politica. Não paro de lutar pelo ideal.

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Qual é a sua avaliação sobre o sistema de cotas para mulheres na política ou do projeto de incluir mulheres em conselhos diretivos de empresas, por exemplo?

É impositivo e acho que não precisa. A mulher é tão capaz, tão bem preparada pra vida, que não precisa de cota pra nada. Durante os 11 meses que assumi como suplente na Câmara, por exemplo, eu nunca senti discriminação. Acho que se a mulher mostrar conhecimento e inteligência ela é aceita e respeitada. Não cheguei disputando e nem querendo deferência por ser mulher e funcionou muito bem. Aprovei oito projetos de lei por unanimidade. A mulher tem que se amalgamar.