A comemoração ocidental tem origem num decreto do governador romano Júlio César, que fixou 1º de janeiro como o dia do ano novo, em 46 a.C. Os romanos dedicavam-no a Juno, o Deus dos portões, das entradas e começo. Juno tinha duas faces, uma voltada para frente _ o futuro _ e a outra visivelmente para trás, visualizando o passado.

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Vem na esteira da tradição judaica, literalmente um retorno que consiste em examinar suas próprias condições e arrepender-se dos erros cometidos, tanto com relação a Deus quanto com o próximo. Por se tratar de uma festa de passagem, implica em balanço, o que ganhamos e o que perdemos, onde falhamos e devemos partir para mudanças, sem sentimento de culpa, com sonhos, projetos e propósitos de esperança para o futuro.

Em virtude do clima de festas, muitas vezes somos pegos pela emoção: excesso de compromissos, vontade de agradar muitas pessoas, confraternizações imprevistas, em lugares distantes. Além disso, procurar quem não se encontrou durante meses, mesmo que muito próximos.

De outro lado, há os que padecem de extrema solidão e querem distância das pessoas e das comemorações. “Não gosto” ou “não suporto essa época e me sinto cada vez mais sozinho e muito triste”. A combinação, segundo psicólogos, psiquiatras e terapeutas, é muito explosiva, as muitas festas de amigo invisível, confraternizações no trabalho, encontros de família, excesso de comida e bebida e, finalmente, a obrigação de parecer feliz, apesar do estresse acumulado! No ano passado, 77% dos americanos referiram sintomas físicos causados pelo cansaço. Desse grupo 48% afirmaram que o estresse no trabalho – com repercussão na vida pessoal – vem aumentando a cada ano, decorrente de insegurança econômica e instabilidade no mercado de trabalho. Os dados são da Associação Americana de Psicologia.

No Brasil, apesar da prosperidade das classes C e D, a situação não é muito diferente. Gestores e trabalhadores têm enfrentado crescentes desafios com a desaceleração da economia global, falta de clareza nas contas públicas e a volta da inflação. Pesquisas da International Stress Management revelam que 80% das pessoas elevam em 75% o seu nível de estresse entre a segunda quinzena de novembro até o final do ciclo de festas, chegando às férias muito descompensadas.

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O sofrimento vem das nossas próprias expectativas, se tivemos alguma perda nossa dor e solidão são amplificadas. Como confraternizar com quem não está mais conosco ou, em muitas ocasiões, está muito longe? A melhor solução para quem perdeu tudo, sendo que nesse período as lembranças são recorrentes, talvez seja o apoio psicológico adequado. A minha ideia é que o vazio existencial não é preenchido com presentes ou com uma boa e farta ceia. Pode ser preenchido com bons encontros, uma celebração espiritual, um abraço fraterno e, também, quando se está bem consigo mesmo, muita serenidade e paz de espírito.

Se as metas do ano não foram atingidas, o momento é de refletir sobre as causas, planejar-se para o “próximo campeonato”. Planejamento, foco e atitude realista são essenciais para evitar o estresse de fim de ano. O importante nesse embalo de “pot-pourri”de fraternidade, é o sentido de renovar o pacto de amor. É essa fraternidade, essa cordialidade, que deve perpetuar as comemorações, restabelecer o sentimento de família e de estar inteiro nas coisas. O que fiz neste ano que agregou valor para a minha vida e para a vida daqueles que convivem comigo? Quais as pessoas, nesse momento, com quem preciso me harmonizar e estabelecer um acordo de paz no meu coração?

Tenha profundo interesse pelo bem estar e felicidade das pessoas. Aproveite as festas com a sua família, com os seus amigos e com os que lhe são caros. Continue perseguindo os seus sonhos, com otimismo responsável. Feliz Ano Novo!