O professor Félix José Negherbon, 72 anos, tem dedicado grande parte da vida à educação e se tornou uma das figuras mais conhecidas da área em Joinville. Desde jovem, dedicou-se à docência e atuou por 35 anos como diretor do Colégio Elias Moreira e da Faculdade Cenecista de Joinville. Ele saiu do cargo no dia 1º, mas deixou um legado na história da instituição, com o trabalho que a transformou durante as últimas décadas.

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Tudo começou no final de 1980, quando o professor foi convidado para dirigir o Colégio Elias Moreira. Na época, ele trabalhava no Bom Jesus e no Celso Ramos, mas aceitou a proposta, iniciando na nova função em março do ano seguinte. Na chegada à instituição, que, apesar de já ser referência na cidade, ainda tinha uma estrutura menor, ele fez um juramento para si mesmo: em dez anos, o colégio precisaria avançar cem anos.

– Sempre digo que o sonho não pode durar mais de uma noite, senão vira utopia. No fim de 1982, inauguramos o primeiro bloco, com dois andares e 24 novas salas de aula. Naquela década, construímos um prédio novo a cada ano – recorda.

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A cada década à frente do Colégio Elias Moreira, Félix adotou metas ousadas para transformar a instituição. Nos anos de 1980, foram inaugurados sete novos prédios, entre blocos de salas de aula, da educação infantil e anfiteatro. Segundo o professor, na década seguinte, a ideia era “criar o novo e projetar o belo”. Com isso, foram construídas as quadras, o complexo esportivo e as piscinas. Ao mesmo tempo, a escola se preparava para ingressar no ensino superior na virada do século.

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Em junho de 2000, o Ministério da Educação autorizou o funcionamento da faculdade e, quatro anos depois, ficou pronto o prédio do ensino superior. Na mesma época, Félix lançou também o fundamento para a construção de um teatro nas mesmas dependências. A estrutura foi inaugurada em 2014.

Olhando para trás, o educador tem dificuldade em escolher aquilo que mais lhe deu orgulho durante os anos em que administrou a instituição. Ele conta que acompanhou tudo.

– Talvez a maior obra que fizemos foi o teatro, porque soma a parte de infraestrutura com a cultural. Ele é o símbolo de tudo isso. É meu Oscar.

Amizades e reconhecimento marcaram trajetória do educador

Durante os 35 anos em que esteve à frente da instituição, o professor Félix fez muitas amizades com profissionais e alunos. Na despedida da semana passada, foi recepcionado e homenageado por um cordão humano, formado por estudantes, professores e funcionários do Elias Moreira e da FCJ, com quem convivia diariamente. Segundo ele, um momento memorável.

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– Hoje, o saber e o aprendizado você obtém em qualquer lugar, inclusive na escola. Agora, o espaço escolar é de cooperação e criação de laços fortes. Foi para isso que trabalhei ao longo desse tempo todo porque o que precisamos das crianças e dos jovens é que eles sejam felizes – defende.

De acordo com o professor, são relações como essas que também fazem com que exista a emoção. É isso que o faz se sentir um vencedor e o dá tranquilidade mesmo ao deixar a direção. Para descrever o momento atual da carreira, Félix gosta de citar as palavras do poeta português Fernando Pessoa:

– O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

Agora, o professor pretende aproveitar o tempo livre para realizar atividades que antes não tinha tempo para fazer por causa do pouco tempo livre. Ele quer voltar a estudar, fazer um curso de inglês, andar de barco na baía da Babitonga, passar mais tempo com a esposa e os três filhos, além de ler os cerca de 600 livros que estão guardados em casa, mas ainda não foram apreciados.

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No entanto, apesar de reservar um tempo para a vida particular, Félix diz que continua apaixonado pela educação e não descarta voltar a trabalhar na área futuramente.

– Eu sou desse meio, gosto de conviver e liderar pessoas. Sou uma fruta que ainda tem muito suco e não virei bagaço – brinca.