O nome do ex-participante do Big Brother Brasil 20, Felipe Prior, está em três denúncias de crimes sexuais. Os documentos foram revelados nesta sexta-feira (3) pela revista Marie Claire que obteve acesso exclusivo aos casos de estupro de tentativa de estupro. As vítimas e defesa delas foram ouvidas pela reportagem da revista, porém o ex-BBB ainda não falou sobre o caso.

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As falas das vítimas são fortes e chocantes, por isso, alertamos sobre o conteúdo que será apresentado abaixo. Como os documentos foram obtidos pela Marie Claire, serão reproduzidos conforme a análise da revista. De acordo com a publicação, todos os casos foram cometidos em ambientes universitários, na época em que Felipe Antoniazzi Prior era aluno do curso de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Hoje, o arquiteto é sócio de uma construtora e de uma pizzaria em São Paulo.

O pedido de medidas cautelares para que Felipe fosse proibido de manter contato com as vítimas e testemunhas por qualquer meio de comunicação, inclusive por meio de terceiros e internet foi pedido pelas advogadas das vítimas. A solicitação foi acolhida pela Promotoria de Justiça do Estado de São Paulo e aguarda julgamento, conforme afirma a reportagem da Marie Claire. Como os crimes aconteceram em três cidades diferentes, a investigação poderá ser realizada por um grupo especializado do Ministério Público ou se desdobrar em até três inquéritos policiais diferentes.

Conforme as acusações, no dia 9 de agosto de 2014, uma jovem que hoje possui 27 anos foi a uma festa que os jogos universitários das faculdades de arquitetura e urbanismo de São Paulo, chamados de InterFAU. Ao final do evento, ela e uma amiga pegaram carona oferecida com Prior. Relatando estar “bastante alterada” pela ingestão de bebida alcoólica, a jovem percebeu que Prior deixou a amiga em casa e depois estacionou o carro na rua e desligou o motor.

Após parar o veículo, Prior lançou-se sobre a jovem, beijou-a e passou a mão pelo seu corpo. Depois, arrastou ela para o banco de trás. Ainda segundo o relato, Prior tirou a roupa da garota, abriu a calça e colocou o genital para fora. Como estava embriagada, a jovem não conseguiu fugir do local e afirmou que não desejava ter relações sexuais com o ex-BBB. Então, de acordo com o depoimento, Felipe teria estuprado a jovem.

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O caso foi protocolado no Departamento de Inquéritos do Fórum Central Criminal em 17 de março de 2020 pelas advogadas Maira Pinheiro e Juliana de Almeida Valente a fim de dar início a uma investigação criminal. O relato mostra que a violência do ato causou uma laceração em seu lábio vaginal esquerdo, o que fez com que rapidamente sua roupa, o banco do carro e a roupa de Felipe ficassem cheios de sangue. Por causa da dor, começou a chorar. Isso teria feito Felipe parar, ela acredita. Prior então deixou a jovem no portão de sua residência e foi embora.

Após chegar em casa, a jovem foi ao hospital com a mãe. Segundo o depoimento da mãe, era "um corte de cerca de três dedos de comprimento na região genital, profundo o suficiente para chegar até o músculo". Foi necessário que ela vestisse uma fralda geriátrica para conter o sangramento e à mãe não quis dar detalhes do acontecido.

Tentativa de estupro em 2016

Conforme os documentos obtidos pela reportagem da Marie Claire, outra jovem sofreu uma tentativa de estupro por Prior em outra edição dos jogos InterFAU, em 2016. A então estudante, hoje com 24 anos, foi persuadida a entrar na barraca de Prior durante os jogos.

Segunda ela, Felipe teria aproveitado que ela estava bêbada para abordá-la e levá-la para o local. Mesmo aceitando entrar na barraca, a jovem relata que negou a relação sexual pela falta de preservativo. Prior então teria tentado penetrar o ânus da estudante, por duas vezes, e contê-la com força física e insistido no ato sexual.

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Segunda acusação de estupro em 2018

Também nos jogos InterFAU, agora em 2018, Prior teria cometido outro estupro. A jovem que hoje tem 23 anos disse que ele também aproveitou o seu estado de embriaguez para cometer o ato sexual, em um primeiro momento com consentimento e em um segundo momento sem a permissão da jovem.

Após ter iniciado a relação sexual com o então estudante de arquitetura, a jovem disse que Prior começou a ser agressivo e ela disse que queria parar com o ato. Conforme o relato, ele não parou a relação e ainda desferiu tapas no rosto e por todo o corpo da jovem. Mesmo depois de terminar o ato, Felipe teria colocado o corpo por cima da jovem para que ela não saísse da barraca. Ela apenas conseguiu sair do local depois que ele caiu no sono.

Conforme o documento obtido por Marie Claire, duas testemunhas relatam que escutaram a vítima chorar e pedir que Prior parasse. São essas testemunhas que sustentam a versão da estudante no documento da acusação.

Denúncias e expulsão dos jogos universitários

Mesmo acontecendo em 2014, 2016 e 2018, os casos só vieram à tona em janeiro deste ano quando o participante foi anunciado no BBB 20. Algumas das vítimas disseram que ver a imagem de Prior na televisão fez com que elas relembrassem dos casos e voltassem a sofrer impactos como ansiedade e transtornos psicológicos.

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O comportamento de Prior, com relato de uma das vítimas para a comissão organizadora, motivou a expulsão dele dos jogos InterFAU, conforme posicionamento divulgado por um usuário do Twitter.

 Print mostra confirmação de expulsão de Prior dos jogos universitários
Print mostra confirmação de expulsão de Prior dos jogos universitários (Foto: Reprodução)

Estupro é crime hediondo

No Brasil, o crime de estupro consta no artigo 213 do Código Penal e consiste em: constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. O estupro é tipificado como crime hediondo e é válido mediante violência real (agressão) ou presumida (praticado contra menores de 14 anos, alienados mentais ou pessoas que não possam oferecer resistência). Atualmente a pena é de seis a 10 anos de reclusão, aumentando para oito a 12 anos quando há lesão corporal da vítima.

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