Considerado um dos responsáveis pela eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2010, o volante Felipe Melo, 28 anos, reencontrou seu futebol na Turquia e, agora, tenta mostrar aos torcedores brasileiros que merece uma nova chance na Seleção.

Continua depois da publicidade

Camisa 10 do Galatasaray, o atleta, que deixou o Brasil com 10 jogadores após ser expulso contra a Holanda ao pisar a perna de Arjen Robben, foi considerado um dos melhores jogadores do campeonato turco da temporada 2011/2012. Mesmo encarregado de dar proteção à zaga, anotou 12 gols em 36 partidas do seu time, o campeão nacional. Melo admite, no entanto, que ainda não se livrou de uma característica que lhe rendeu muitas críticas quando atuava na Seleção: tomou 13 cartões amarelos (nenhum vermelho, apressa-se a dizer) e se envolveu em um incidente com um companheiro de equipe, no qual o colega saiu com um olho roxo.

Em Porto Alegre, para visitar familiares da mulher, Roberta Nagel Melo, Felipe, que tem vínculo com a Juventus de Turim até 2014, afirmou a Zero Hora que ainda não desistiu de voltar a usar a camisa da Seleção. Sua temporada em Istambul, segundo ele, explica a esperança:

– Eu jogo no maior clube da Turquia, estou em evidência. O Mano Menezes sabe das minhas qualidades e características. Com todo o respeito ao grupo que está sendo utilizado, não me sinto inferior às opções que estão sendo testadas. Sou brasileiro e patriota. Vou sempre torcer pelo sucesso da Seleção Brasileira.

Por ser um dos líderes do grupo montado pelo técnico Dunga e um dos jogadores mais identificados com o estilo da equipe de 2010, a renovação promovida por Mano Menezes acabou excluindo o nome do jogador das convocações.

Continua depois da publicidade

– Eu não me senti abandonado por não ser convocado, eu me senti preservado. Ainda tenho contato com o Dunga, sempre ligo pra ele para falar das coisas que estão acontecendo na Europa. Aquele grupo formado foi uma família. É natural que um novo ciclo tenha começado, e eu não fui o único a perder espaço. Mesmo o Júlio César e o Lúcio, que foram jogadores chamados pelo Mano, também ficaram de fora nas últimas convocações. Nunca vi nenhum comentarista me criticando por falta de técnica. O problema é que se lembram das vezes que eu agi por falta de maturidade, e esse é um dos aspectos que eu mais tenho trabalhando nos últimos anos – garantiu.

Enquanto Juventus e Galatasaray negociam o pagamento de 13 milhões de euros para a transferência, valor fixado até hoje para a compra do jogador, o volante aguarda sem se preocupar com o futuro. Apesar da vontade de jogar no futebol brasileiro, Felipe Melo não acredita que o retorno esteja tão próximo

Bate-Bola com Felipe Melo:

Sobre o Grêmio, no qual atuou em 2004, ano do rebaixamento:

– Mesmo vindo ajudar um time que estava com a corda no pescoço e que acabou sendo rebaixado, eu recebi muito carinho da torcida. Era impressionante jogar com aquele apoio que vinha das arquibancadas.

Sobre o período na Juventus:

– Fui a contratação de jogador brasileiro mais cara da história da Juventus e a quinta maior daquela janela de transferências. Na época, Real Madrid, Arsenal e Inter, de Milão, até me apresentaram boas propostas, mas a Juventus foi o único clube que pagou a multa rescisória que eu tinha com a Fiorentina. A passagem pela Juventus foi prejudicada porque o time não estava bem.

Continua depois da publicidade

Sobre o lance com Robben na Copa de 2010:

– Eu perdi a cabeça no lance com o Robben. O Leonardo deu uma cotovelada em um adversário na Copa de 94 e não foi crucificado. O Ramires também foi expulso em um lance com o Robben no amistoso com a Holanda. Foi muito complicado. Nós estávamos perdendo por 2 a 1 e sem perspectivas de melhorar em campo. O Robinho , que é um cara calmo, também discutiu com o Van Bommel. Naquele momento nós estávamos perdendo uma Copa do Mundo. Se a gente passasse pela Holanda, tínhamos certeza de que seriamos campeões. O Brasil era o melhor time da Copa e não é fácil ver todo um grupo unido como aquele perder.

Sobre a volta ao Brasil:

– Na última janela de transferências, eu acabei me desgastando muito por me envolver nas negociações. Quase vim jogar no São Paulo. Até concordei em baixar o meu salário em 40% para poder jogar novamente no Brasil, mas o clube pediu que eu diminuísse ainda mais o salário e não teve acerto. Eu tenho vontade de jogar no Brasil. Os valores que envolvem a minha contratação são muito altos, e por isso estão bem longe da realidade brasileira. É difícil um cube brasileiro fazer uma compra envolvendo esses valores.

Em vídeo, confira bate-papo com Felipe Melo