Muito além de uma reflexão sobre o tempo, a obra musical Hora Certa manifesta a maturidade pessoal e musical do violonista Felipe Coelho, 34 anos, combinada ao momento de aceitar responsabilidades e arriscar. O quinto disco da carreira do músico de Florianópolis é também o primeiro para trio. Acompanhado de dois instrumentistas de referência, o baterista Richard Montano e o baixista Tie Pereira, ele apresenta hoje ao público o novo trabalho. O disco será gravado ao vivo durante show no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), em Florianópolis.

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– Já queria fazer trio, formação consagrada na música e que é uma arte por si só. É a conhecida ¿art of the trio¿ – diz ele.

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No Brasil, as primeiras formações em trio de música popular são do começo do século passado. No auge da bossa nova, nos anos 1950 e 1960, era uma composição comum de jazz brasileiro, em geral com piano, baixo e bateria.

Estúdio Anexo | Felipe Coelho

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Modéstia desnecessária, já que Coelho é referência em violão para sua geração no Brasil e fora dele. Para Hora Certa ele propõe a combinação violão, baixo acústico e bateria apenas:

– É preciso encaixe e respiração perfeita entre os músicos. Não é um trabalho 100% arranjado como para concertos com orquestra. E para fazer isso a responsabilidade do solista é maior. Depois de tantos anos e apresentações fui arredondando o toque e as composições. Tem que dar um salto de fé. Era o momento certo de fazer um espetáculo assim. Hora Certa é agora.

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FUSION MUSIC, INFLUÊNCIAS ORIENTAIS E BRASILIDADE

Em novembro do ano passado o trio foi convidado a fazer a pré-estreia do disco no festival Floripa Instrumental. De lá para cá mais duas músicas foram incorporadas ao repertório e o trio ficou ainda mais afinado e sintonizado. São oito composições as quais o violonista vem trabalhando há cerca de um ano e meio e fazem parte de uma obra profícua – desde 2007, quando lançou o primeiro álbum, Raízes Trançadas, até hoje, tem produzido uma média de um disco a cada dois anos.

_ Minha relação com o instrumento é de improviso e brincadeira, e nesses respiros tropeço numa ideia que não esperava.

Hora Certa é muito mais que jazz brasileiro. É culturalmente plural. É fusion, caminho conceitual de hipercultura o qual Felipe já percorre há algum tempo. Tem influências claras do oriente, entre elas a Mahavishnu Orchestra e o israelense Avishai Cohen. Mas passa pelo eletrônico e, pela primeira vez, pelo rock. Claro, tem a expressão de brasilidade implícita em choros modernos e desconstruídos.

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Com esse disco, Coelho reforça também a intenção de contribuir para a construção da linguagem musical de Santa Catarina:

– Floripa tem uma vibe própria. Uma aura internacional permite ter uma música tradicional e aberta ao mesmo tempo. Muitos músicos buscam o que é o som daqui e quero saciar a fome de contribuir para isso. Uma identidade que pode e talvez até deva ser moderna.

Estúdio Anexo: Felipe Coelho canta Shir Preda