Pode ser que seja só o reinício dos Estaduais. O brasileiro não suporta domingo sem futebol, mesmo que os campeonatos provinciais, de norte a sul, só sirvam para definir o que está errado, nunca o que dará certo. Talvez a bola rolando tenha, portanto, ofuscado o pontapé inicial do nosso “ou vai ou racha” rumo a 2014.
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O certo é que esperava-se mais expectativa em torno da primeira convocação de Luiz Felipe Scolari em seu retorno à Seleção Brasileira, hoje, para além da dúvida sobre os “cascudos” Kaká, Ronaldinho, Lúcio ou Robinho.
Posso apostar que a torcida brasileira nem sabia da convocação de hoje, tal o desinteresse produzido após tantos fracassos na preparação rumo à Copa. Comecemos do princípio, então. Hoje, às 14h, no hotel Sheraton à beira da deslubrante praia de São Conrado, bairro nobre do Rio de Janeiro, o técnico do Penta anuncia os 23 convocados para o amistoso do dia 6 de fevereiro, contra a Inglaterra, em Wembley.
Não é o primeiro ato da Era Felipão, Parte II justamente pelo adversário. Nada de China B ou Gabão. A pedido dele não enfrentaremos mais bambalas ou arimatéias. Não há tempo a perder. A Copa das Confederações é logo ali e será preciso enfrentar a eficiência dos italianos, a posse de bola dos espanhóis, a bravura dos uruguaios, a disciplina e a evolução constante dos japoneses e mesmo o futebol traiçoeiro dos mexicanos, que nos tiraram o ouro olímpico em Londres.
Melhor perder para a tradição dos ingleses do que atropelar a ingenuidade, sei lá, dos islandeses.
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Não é o começo de tudo, portanto, mas é hoje que saberemos por onde caminhará Felipão na sua tarefa emergencial de tirar a Seleção da unidade de tratamento intensivo e levá-la, ao menos, para um quarto individual com ar condicionado.
Ao seu lado estarão o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira e o auxiliar Flávio Murtosa, este acompanhado do seu bigodão só comparável ao de Olívio Dutra. Felipão não manteve ninguém da equipe de Mano Menezes. Fez uma limpa. Paulo Paixão será o preparador físico, aumentando a cota de campeões mundiais da comissão técnica. Volta o preparador de goleiros Carlos Pracidelli. Nem o analista de desempenho segue. Saiu Rafael Vieira, entrou Thiago Larghi, ex-Botafogo.
Felipão não deverá apresentar uma lista de convocados muito diferente da última, de Mano Menezes. Não dá para descobrir novos jogadores da noite para o dia. A base do antecessor será o primeiro passo. Lesões e alguns campeonatos em férias, como os do Leste Europeu, atuam como limitadores para uma lista ideal. Thiago Silva, está lesionado. O zagueiro está nos planos de Felipão – e de qualquer treinador em sã consciência do planeta. Sua ausência abre espaço para o retorno de Lúcio, um dos líderes do time de 2002.
Nas laterais, Daniel Alves e Marcelo são os preferidos, mas o segundo se recupera de cirurgia no joelho. A lateral-esquerda é uma posição que pode apresentar um nome novo. Felipão tem dito que sua lista terá de três a cinco novidades por conta dessas questões. Mas e os cascudos, cujo retorno, segundo Ronaldo Fenômeno (ouvi isso dele ao vivo e em cores), é crucial para a jovem Seleção deslanchar?
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Kaká disputou três mundiais, dois deles sob os comandos de Felipão (2002) e Parreira (2006). A comissão técnica tem enorme carinho por ele. Vale o mesmo para Ronaldinho, que foi treinado pela dupla na glória de 2002 (Felipão) e no desterro de 2006 (Parreira). Entre elogios aos jogadores em torno dos 30 anos, Felipão tem dado pistas de que, se não os chamar agora – Ronaldinho está em pré-temporada com o Atlético-MG e Kaká não é titular no Real -, o fará mais adiante.
O certo é que, com ou sem os cascudos, o caminho do Brasil de Felipão rumo ao Hexa começa a ser desenhado hoje. Ainda que o torcedor, por enquanto, não mostre muito interesse na primeira lista da nova Família Scolari.
Quem foram os convocados na estreia de Felipão
Há mais de 4 mil dias, numa quarta-feira, 13 de junho de 2001, Luiz Felipe Scolari chamou sua primeira lista de convocados. O desafio era reerguer uma Seleção que tropeçava nas Eliminatórias e, pela frente, havia o Uruguai, em Montevidéu.
O grupo de jogadores, sem grandes invenções na época, não conseguiu bater os uruguaios – perdeu por 1 a 0 -, mas ajudou a classificar o Brasil para a Copa da Ásia, de onde veio, no ano seguinte, o Penta. Só nove jogadores (em negrito) da primeira chamada estavam no grupo da final de 2002, contra a Alemanha.
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Marcos
Dida
Cafu
Belletti
Roberto Carlos
Serginho
Lúcio
Antônio Carlos
Roque Júnior
Cris
Mauro Silva
Emerson
Fabio Rochemback
Rivaldo
Alex
Juninho Paulista
Euller
Éwerthon
Geovanni
Romário
Jardel
Élber