Sheryl Sandberg é um sucesso na vida pessoal e profissional e a prova contemporânea de que ambas as conquistas não são excludentes.

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Na indústria da tecnologia, pouco receptiva a mulheres em cargo de liderança, a economista Sheryl é a COO (chief operations officer) do Facebook – a pessoa número 2 na hierarquia da maior companhia de mídia social do mundo, avaliada em US$ 66 bilhões, e o braço direito de Mark Zuckerberg.

Desde sua chegada, há cinco anos, o Facebook desenvolveu um sistema de anúncios que tornou a empresa rentável e garantiu seu sucesso quando lançou ações na Bolsa de Valores. Estima-se que Sheryl já tenha ganhado US$ 30 milhões em bônus anuais, além de US$ 2 bilhões em ações da empresa. Não são apenas seus feitos profissionais e sua fortuna que a transformaram em uma das 10 mulheres mais influentes do mundo.

Quarenta e três anos, casada e mãe de dois filhos (uma menina, de quatro anos, e um menino, de sete), ela possui autonomia suficiente para se lançar agora como escritora disposta a auxiliar as mulheres a encontrar um maior equilíbrio frente aos homens em cargos de liderança, seja em empresas públicas ou privadas. E também a ser feliz dentro de casa.

Em Faça Acontecer – Mulheres, Trabalho e a Vontade de Liderar, lançado no Brasil pela Companhia das Letras, a autora investiga as razões de o crescimento das mulheres na carreira estar há tantos anos estagnado. Dos 195 países independentes no mundo, apenas 17 são governados por mulheres – e a porcentagem feminina em papéis de liderança é ainda menor no mundo empresarial. Sheryl identifica a origem do problema e oferece soluções práticas e sensatas para que elas atinjam todo o seu potencial.

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Faça Acontecer, segundo definição da própria autora, é um convite a uma revolução interior. Ela não deixa de reconhecer as “barreiras externas” (preconceito, discriminação, assédio sexual) que travam o avanço das mulheres. Mas defende que a maior polêmica reside no que considera ‘”barreiras internas”‘: uma suposta internalização das mensagens negativas recebidas de um mundo machista e uma redução das expectativas de carreira em prol da dos maridos.

– Meu argumento é que livrar-se dessas barreiras internas é crucial para ganhar poder. Há quem argumente que as mulheres só conseguem chegar ao topo quando as barreiras institucionais são removidas. É a situação típica do ovo e da galinha – analisa.

Sheryl diz que medo e insegurança são fatores que muitas vezes impedem o crescimento na carreira. Se um homem é bem-visto por ser ambicioso, para as mulheres essa característica pode ser encarada como negativa. Portanto, na hora de se posicionar, negociar salário, assumir postos de maior responsabilidade ou lutar por horários mais flexíveis, elas ficam temerosas e acuadas. A questão biológica e feminina também é crucial. – Desde cedo, as meninas ouvem que terão de escolher entre ser boa profissional ou boa mãe – observa.

Desta forma, muito antes de terem filhos, as profissionais já tomam uma série de decisões que tendem a refrear sua carreira.

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– Sabemos o quanto é difícil conciliar maternidade e carreira, mas não sinto culpa por sempre ter me dedicado tanto ao trabalho – afirma ela, que, antes de assumir o cargo no Facebook, trabalhou como vice-presidente de vendas e operações do Google, atuou como executiva da consultoria da área econômica McKinsey e foi chefe de gabinete do Departamento do Tesouro durante o governo Clinton.

– Acredito que as mulheres devam ter liberdade de escolher e isso não significa que elas serão melhores ou piores mães. Hoje, falamos abertamente com nossas funcionárias sobre seus planos de maternidade. Quando estou recrutando mulheres, sempre digo: “Caso você pense em não aceitar o emprego porque está querendo ter filhos, vamos falar sobre isso”.

FAÇA ACONTECER: MULHERES, TRABALHO E VONTADE DE LIDERAR

Sheryl Sandberg.

Companhia das Letras, 288 páginas.

Preço médio R$ 34,50

Ao lado de Marc Zuckerber

Foto: Time/Reprodução

Aprendendo com Sheryl

1.Não tenha um mentor na carreira

Sheryl Sandberg defende que as mulheres não peçam para ninguém ser mentor delas. Argumenta que a relação com o mentor é simplista. Muito melhor, defende, é pedir conselhos pontuais a profissionais de todos os níveis (de júnior a sênior) para resolver questões específicas

Diz Sheryl: Se pedir a um desconhecido para ser mentor raramente funciona, abordar um desconhecido com uma consulta específica e bem elaborada pode render resultados. Percebi que, para algumas mulheres, procurar um mentor se tornou o equivalente profissional de esperar o príncipe encantado.

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2.Cuidado com os filhos deve ser compartilhado

Em casa, as mulheres precisam aprender a delegar. Cuidado com os filhos e tarefas domésticas devem ser divididas igualmente entre o casal. Elas devem deixar de tentar manter o controle sobre a maneira como seus companheiros realizam essas tarefas. Isso porque, muitas vezes, para ter as coisas “do seu jeito” em casa, elas sacrificam tempo fazendo tudo sozinhas.

Diz Sheryl: Tenho visto muitas mulheres que, sem perceber, desestimulam o marido na hora de fazer sua parte, porque são controladoras, críticas demais. Os cientistas sociais chamam isso de 1396984945fiscalização materna1396986481, um nome bonito para 1396984945Aimeudeus, não é assim que se faz! Sai daí e me deixa fazer!1396986481.

3.Seja protagonista do sucesso

Quando recebeu a proposta para deixa o Google e liderar as operações no Facebook, Sheryl revela que sua vontade era aceitar de imediato o salário oferecido por Mark Zuckerberg. Após conversar com o marido, percebeu que poderia conseguir um pacote de remuneração mais vantajoso, se negociasse como homem. 1397124194Diz Sheryl: Quando acertava minha remuneração com Mark, ele me fez uma proposta que achei justa. Dave, meu marido, me dizia para negociar, mas eu tinha medo de fazer algo que pudesse estragar tudo. Talvez Mark não quisesse mais trabalhar comigo. Pouco antes de fechar o contrato, meu cunhado explodiu: 1396984945Pô, Sheryl! Por que você vai ganhar menos do que qualquer homem ganharia para fazer o serviço?1396986481. Voltei ao Mark e disse que não podia aceitar. Então, iniciei uma negociação pesada.

Ao lado de Mark Zuckerberg: ela é o braço direito do criador do Facebook

RAIO X

– Nome: Sheryl Sandberg

– Idade: 43 anos

– Estado civil: casada, mãe de uma menina de quatro anos e um menino de sete

– Formação: Economia em Harvard e MBA na Harvard Business School

– Cargo: Diretora de operações do Facebook

– Histórico profissional: Vice-presidente de vendas e operações do Google, executiva da consultoria da área econômica McKinsey e chefe de gabinete do Departamento do Tesouro durante o governo Clinton.

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CINCO FRASES

“Quando uma menina tenta liderar é frequentemente tachada de mandona”

“Mulheres são consideradas sortudas quando têm sucesso enquanto para os homens o sucesso é questão de talento inato”

“As mulheres atribuem seu sucesso ao trabalho duro, à sorte e à ajuda recebida de outras pessoas. Homens atribuem seja qual for o tipo de sucesso às suas próprias habilidades”

“A maior decisão de carreira que você pode tomar se você vai ter um companheiro de vida é quem será esta pessoa”

“A verdade nua e crua é que os homens ainda comandam o mundo”