Neste ano, a programação da Feira do Livro de Joinville recebe pelo menos 40 escritores que vivem na cidade e na região. É o maior número de autores locais em todas as 16 edições do evento literário, fato explicado pela união destes profissionais para buscar reconhecimento e profissionalização, e pela facilidade de realizar publicações que as novas tecnologias estão garantindo. São rostos conhecidos que, muitas vezes, surpreendem o público da Feira do Livro ao encontrar pessoas que já conhecem por trás das obras à venda nos estandes, em um momento de descoberta que Joinville também tem escritores. Estima-se que, atualmente, Joinville tenha pelo menos 200 escritores publicados.
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Em 2019, três espaços concentram as publicações locais. Ao lado da porta do Expocentro Edmundo Doubrawa, uma placa apresenta a quem chega: ali estão os Autores Joinvilenses. O estande é organizado por integrantes da Associação das Letras e da Academia Joinvilense de Letras — grupos formalizados que reúnem, respectivamente, escritores de diferentes idades e experiências, e profissionais com carreiras já consolidadas — e da Confraria do Escritor, esse último um espaço livre para encontros e trocas de informações sobre produção literária.
A Academia Joinvilense de Letras tem 29 integrantes e a Associação das Letras, 83. Assim como em outras áreas, os associados se reúnem por um objetivo em comum: colaborar com a produção uns dos outros, divulgar estes trabalhos e fomentar a literatura na cidade.
— Acho que as grandes conquistas [dos últimos cinco anos] foram a união de mais escritores e a publicação dos textos em antologias, porque, quando existe uma dificuldade grande de publicações individuais, em conjunto isso fica mais fácil, mais barato. Ao escritor unido em associação é muito mais fácil conquistar espaço do que sozinho — analisa Simone Nascimento, presidente da Associação das Letras.
Há também dois estandes de editoras da cidade que garantem a que a produção aconteça bem perto dos autores. Não são as únicas, mas são as mais recentes: tanto a Manuscritos Editora quanto a Editora Areia começaram suas produções em 2014. Em menos de cinco anos, já lançaram 52 e 46 livros, respectivamente — a maioria, de escritores de Joinville e região. Ambas surgiram a partir da percepção de escritores de Joinville que havia uma demanda ainda não completamente atendida na cidade a partir da própria experiência.
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— Eu lancei meu primeiro livro em 2011 e fui sozinha atrás de todos os serviços. Foi uma publicação de pessoa física, sem editora, e acompanhei todas as etapas. Depois, recebi um número muito grande de pedidos de ajuda de outros escritores que também queriam lançar um livro mas não sabiam como fazer — recorda Bernadete Schatz Costa, da Manuscritos.
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Jura Arruda, da Editora Areia, acredita que a democratização na publicação de livros em Joinville foi influenciada, em grande parte, pelo acesso mais fácil às publicações trazido pelas novas tecnologias e pela existência dos mecanismos de apoio à cultura do Simdec, da Prefeitura de Joinville. Criado em 2006, nos últimos anos os editais possibilitaram a publicação de pelo menos 18 livros de joinvilenses financiados por repasse direto e patrocínios culturais. Eles somam-se às obras publicadas por meio de outros editais de cultura e pelas edições independentes.
— Infelizmente, no último ano as mudanças do processo levaram a apenas um projeto contemplado na área da literatura. Mas foi um programa que fomentou e fez a literatura daqui expandir e fazer as pessoas produzirem muito — comenta ele.