Todas as sextas-feiras, desde dezembro, ocorre em Florianópolis a Feira do Imigrante. A ideia é dar oportunidade de trabalho para estrangeiros com dificuldade de inserção no mercado. Ao menos nove nacionalidades expõem produtos que vão de cosméticos, roupas, lanches até instrumentos musicais.

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As tendas do Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (Igeof), que promove o evento, são instaladas na rua Francisco Tolentino, ao lado do Mercado Público, das 10h às 21h com produtos de países como Venezuela, Argentina, França, Senegal, Uruguai, Síria, Japão, Portugal e Líbano.

– Qualquer imigrante pode participar, basta nos procurar aqui na feira mesmo. A ideia é que com o tempo, isso se torne uma grande feira gastronômica, com sabores de vários lugares do mundo – disse o francês Olivier Perrad.

Inserção

Segundo a Divisão de Registro Migratório da Polícia Federal, havia 5 mil imigrantes, refugiados e solicitantes de refúgio, em Florianópolis entre 2014 e 2018. O Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI) já atendeu 57 nacionalidades.

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A maioria deles, 1.125 registros, é do Haiti, depois vem a Venezuela, com 271 registros. No Brasil, há 700 mil imigrantes, de 82 países.

O estado de Santa Catarina possui cerca de 49,8 mil imigrantes com registro ativo, segundo o Sistema Nacional de Cadastramento de Estrangeiros.

– A região Sul como um todo é muito procurada por imigrantes, que buscam segurança e qualidade de vida. Os haitianos vieram depois do terremoto que comprometeu a infraestrutura do país, para acessar serviços públicos de educação e saúde. Já os Venezuelanos vêm pra cá por uma razão humanitária – explicou a agente de integração Gabriela Martini.

De acordo com o CRAI, cerca de 50% dos imigrantes inseridos no mercado de trabalho, atuam na área de serviços, como hotelaria, setor alimentício e da construção civil.

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Esperança

Com o artesanato em crochê, a venezuelana Ingrid Villanueva, de 54 anos, ajuda nas despesas de casa desde que chegou ao Brasil há quatro meses para morar com dois filhos. Professora de matemática e diretora de escola, ela deixou a Venezuela em função da crise política e econômica imposta pelo governo de Nicolás Maduro. Ela é uma das expositoras da Feira do Imigrante.

– Já procurei a secretaria de educação em busca de trabalho, tenho quatro diplomas, mas é uma grande burocracia para poder exercer minha profissão. Por enquanto, vou fazendo trabalhos em crochê. Espero que a situação melhore logo – diz.

Oportunidade

Apesar de estar há 18 anos no Brasil e ter até se formado em história e pedagogia aqui, a argentina Elisabeth Calderón diz que ainda têm dificuldades para trabalhar. Atualmente, ela trabalha com a produção de instrumentos musicais artesanais.

– Sofri muito preconceito por causa do meu sotaque em escolas particulares, é o mesmo problema que enfrentam as crianças nordestinas. Por isso, optei por trabalhar com a produção artesanal de instrumentos musicais – informou.

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Há cinco anos no Brasil, o senegalês Kara Modu, de 27 anos, é formado em design gráfico, fala oito idiomas, mas por aqui só conseguiu melhorar a vida aqui em Florianópolis, onde chegou no ano passado. Na feira, ele vende roupas com estampas étnicas da África.

– Aqui trabalho com moda, designer, me apresento como músico, percussão. Estou me sentindo bem porque minha vida começou a melhorar em Floripa – afirmou.

O argentino Federico Naz, de 32 anos, levou para a feira cosméticos veganos.

– Na Argentina trabalhava com bares, aqui no Brasil comecei a trabalhar com cosméticos e está dando certo – declarou.