Dirigientes do Comitê Olímpico Norte-Americano (USOC) reagiram com horror nesta sexta, dia 27, à sugestão ventilada pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) de que o norte-americano Paul Hamm deveria entregar a medalha de ouro ao rival sul-coreano. Numa das maiores controvérsias dos Jogos de Atenas, a FIG disse que Hamm ficou em primeiro lugar na final individual geral por um erro dos juízes e que o medalhista de bronze Yang Tae-young deveria reveber o ouro.

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A FIG suspendeu os três juízes envolvidos, afirmando que eles erraram ao retirar um décimo de ponto da rotina de Young nas barras paralelas na quarta passada. Mas disse que não tem como refazer a premiação. Agora, a federação foi um passo além: escreveu uma carta aberta a Hamm – um dos atletas mais bem conceituados da equipe de ginástica dos EUA – sugerindo que ele devolvesse a medalha.

– O verdadeiro vencedor da prova é Yang Tae-young – diz a carta. – Se você devolvesse a medalha ao coreano a pedido da FIG, o ato seria reconhecido como uma grande demonstração de jogo limpo pelo mundo todo – continua a carta assinada pelo presidente da FIG, Bruno Grandi, e datada de 26 de agosto.

O Comitê Olímpico Norte-Americano (USOC) disse que a carta é “uma tentativa inapropriada de jogar a responsabilidade” nos ombros de Hamm, de 21 anos.

– É deplorável que eles estejam jogando a própria incompetência e o problema deles num atleta jovem, que simplesmente competiu nos Jogos Olímpicos – disse um dos diretores do USOC, Peter Ueberroth, numa entrevista coletiva.

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Membros do USOC falaram com Hamm, que já voltou aos Estados Unidos, na quinta.

– Nessas conversas, o USOC deixou claro o apoio a Hamm e indicou que vai resisitir a qualquer tentativa de tirar-lhe a medalha – publicou o USOC num comunicado.

O comitê também disse que não está mais pleiteando uma segunda medalha de ouro para ser dada a Young, sugestão dada no início da semana como maneira de dissipar as más notícias publicadas nas manchetes em todo os EUA. Hamm, que conseguiu uma impressionante recuperação do 12º lugar na final para o primeiro, já disse que se vê como o medalhista por direito. Ele também reclamou que as autoridades esportivas dos EUA não têm lhe dado o devido apoio.

– Erramos, quando não deixamos claro para a opinião pública que apoiamos Paul, sua posição e bem-estar – disse o chefe-executivo do USOC, Jim Scherr, nesta sexta.

Os norte-americanos dizem que os sul-coreanos perderam a oportunidade de constestar os erros dos juízes durante a competição, que é a única forma de mudar as notas de acordo com as regras da FIG. Os sul-coreanos disseram na semana passada que apelariam à Corte de Arbitragem Desportiva (CAS), mas ainda não o fizeram.

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– Essa carta da FIG a Hamm nos deixa numa posição ainda melhor para apelar à CAS – disse o chefe da delegação sul-coreana Shim Bark-jae à imprensa do seu país. – A despeito da resposta à carta, nós apelaremos à CAS no sábado e tentaremos resolver esse problema antes do fim dos Jogos – continuou.

A carta afirma que o Comitê Olímpico Internacional (COI) gostaria que Hamm devolvesse sua medalha. Mas o COI disse que não foi consultado e que considera o assunto encerrado.

– O resultado da ginástica foi validado e comunicado pela FIG. Não há qualquer questão em aberto – disse a porta-voz do COI.