Se muitos empresários já tiveram dificuldades em manter o negócio em 2015, tudo indica que a realidade será ainda mais dura em 2016. Um comparativo da Junta Comercial do Estado nos três primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado revela que a proporção de empresas fechando em Santa Catarina cresceu 43%.
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Enquanto 2,4 mil estabelecimentos encerraram as atividades no primeiro trimestre de 2015, cerca de 3,4 mil fecharam as portas de janeiro a março deste ano, o que significa duas empresas fechadas a cada três horas. O setor têxtil teve baixas significativas com o fechamento de fábricas da Malwee (Blumenau) e da Hering (Ibirama) no último mês de janeiro.
Empresas param, mas políticos ignoram a crise sem precedentes
A indústria de confecções Rovitex fechou esta semana sua unidade em Blumenau por estar em zona residencial. Em nota, a empresa diz que ¿não vislumbrou outra saída a não ser de se posicionar pelo encerramento de suas operação no local¿.
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Programa facilita baixa em registro
O aumento significativo de baixas se justifica, em parte, pelo lançamento do programa nacional Bem Mais Simples, que desde fevereiro do ano passado reduziu a burocracia para o encerramento de empresas. Como ficou possível pedir a baixa de registros e inscrições logo após o fim das operações, a facilidade serviu de gatilho para que negócios parados finalmente fossem encerrados. Essa movimentação, somada à crise econômica, teve reflexo nos números.
Apesar da crise, indústria catarinense mantém equipes trabalhando durante o Carnaval
– Quando começaram as projeções negativas do PIB, em meados de 2015, já sabíamos que o volume de demanda da Junta seria reduzido por ser uma atividade diretamente ligada ao empreendedorismo. Mas não é possível precisar quem encerrou atividades por causa da crise ou pela facilitação burocrática – diz o secretário-geral da Junta Comercial de SC, André Luiz Rezende.
Outros dois indicadores sugerem a perda de fôlego dos negócios, independentemente do programa federal: os ritmos de alterações contratuais – aumento de capital social ou admissão de sócios, por exemplo – e de abertura de empresas ficou abaixo da média do registrado no ano passado. A indefinição política, avalia Rezende, mantém o freio do crescimento econômico nos próximos meses.
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– Até na vida privada as pessoas deixam os investimentos mais restritos por não saberem o que esperar dos próximos meses. Isso se reflete com mais força nas empresas por não haver um horizonte definido – reforça.

Iniciativas para driblar a turbulência no mercado
A crise econômica não impediu que, tanto no primeiro trimestre de 2015 quanto no mesmo período deste ano, mais empresas abrissem do que fechassem as portas. O momento, defende a coordenadora do Sebrae no Estado, Soraya Tonelli, dá margem a oportunidades. O argumento é de que em meio ao desconforto das incertezas do mercado há quem busque driblar a crise a partir de iniciativas próprias.
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Ter noção de custos, de perfil do consumidor, da concorrência, além de capacitar a gestão, são formas de empreender com menos riscos. Exemplo de quem tem seguido esta fórmula vem de um espaço de coworking no Centro de Florianópolis – o conceito define o compartilhamento de um mesmo prédio entre profissionais de diversas áreas.
É lá que o designer Giuseppe Fontanella, 21 anos, movimenta sua recém-formalizada empresa de criação e consultoria em design. Uma iniciativa que o levou a largar o cargo de diretor de arte numa agência de publicidade, ainda no ano passado, ao perceber que grandes clientes buscavam saídas mais rentáveis no trabalho de freelancers.
– Senti que era o momento de arriscar. Mas não me guiei pelo achismo, observei e identifiquei uma tendência. Hoje trabalho com mais liberdade e minha atuação junto às empresas vai além do básico, garantindo um diferencial – destaca.
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Giuseppe Fontanella movimenta sua empresa de criação e consultoria em design em um espaço de coworking em Florianópolis