Em fevereiro do ano passado, o principal museu de Joinville fechou as portas para a visitação para que sua sede fosse preparada para o grande restauro que o imóvel precisava há décadas. Ainda não havia verba disponível para as obras, mas as expectativas eram boas: um projeto para captar R$ 1,3 milhão via Lei Rouanet havia sido aceito em agosto de 2017 pelo Ministério da Cultura e o Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville era uma referência na cidade. Localizado no final da rua das Palmeiras, é um dos cartões-postais de Joinville e um de seus principais pontos turísticos, o que parecia garantir o interesse de apoiadores e patrocinadores por meio do mecanismo federal.
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No entanto, a unidade de cultura completou um ano de portas fechadas nesta semana sem ter recebido nem mesmo um real, levando a Prefeitura a buscar outras formas de conseguir os recursos necessários para realizar a revitalização e as obras de acessibilidade do museu.
— Não houve falta de esforços. Buscamos todas as empresas da região, fizemos reuniões de sensibilização com os empresários por meio da Acij, da Ajorpeme. Mas ainda existe um preconceito muito grande com a Lei Rouanet — avalia o gerente de captação, projetos e fomentos da Secretaria de Cultura e Turismo de Joinville, Tiago Furlan Lemos.
Em 26 de fevereiro do ano passado, quando foi fechada, a sede do museu passou por obras de restauro do alpendre e do sótão, que estavam interditados. Para isso, foi utilizado dinheiro do orçamento da Secretaria de Cultura de Joinville, em um investimento de R$ 47 mil. Na época, o acervo, estimado em 4 mil itens, foi retirado do casarão e acondicionado na casa enxaimel e nos galpões de meios de transporte e de tecnologia, que fazem parte do “complexo” do museu. A intenção era que a grande reforma ocorreria em seguida e, por isso, não fazia sentido transportar as peças e móveis novamente para dentro do casarão.
Sem sucesso na captação via Lei Rouanet, a Secretaria de Cultura de Joinville agora inscreveu o projeto de revitalização do “palacete” no sistema de convênios do Governo Federal e aguarda aprovação do Ministério do Turismo. A inscrição foi feita em dezembro.
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Este formato já havia dado certo para outra etapa do Museu Nacional da Imigração: em 2018, o convênio para a construção de um prédio de dois pavimentos nos fundos do terreno foi aprovado pelo Ministério do Turismo, garantindo pouco mais de R$ 1 milhão para esta obra. Ela só pode ser executada, no entanto, quando todos os recursos estiverem disponíveis para as outras etapas da revitalização, que começa com a drenagem do terreno de 3 mil metros quadrados. A drenagem será feita com orçamento da Prefeitura, avaliado em R$ 80 mil.
— Só depois que um projeto arquitetônico é aprovado para receber recursos é que podemos iniciar os projetos técnicos, que envolvem os outros detalhes do imóvel. Eles são feitos pela Prefeitura, precisam ser aprovados pela União e depois disso é aberta a licitação para contratação da empresa que irá executá-los — informa Tiago.
Construída em 1870 pelo diretor da Colônia Dona Francisca, a Maison Joinville — nome original da casa que virou patrimônio cultural nacional em 1937 e recebeu a função de museu em 1957 — precisa trocar a cobertura; além de executar outros reparos e refazer a pintura.
A revitalização também inclui uma obra de acessibilidade, com a instalação de um elevador externo que vai até o terceiro pavimento. O prédio novo, nos fundos, será construído em arquitetura contemporânea e usado como reserva técnica, sala de conservação e documentação, e sala da administração.
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Enquanto isso, as atividades educativas são mantidas pelos funcionários do museu. Eles também estão reavaliando as peças do acervo e elaborando um novo conceito de espaço museológico para a unidade. O objetivo é que temas como a imigração sejam apresentados de novas formas ao público, gerando novos tipos de reflexão. Com isso, também produzem uma nova exposição, que será montada após a restauração do museu — o último formato de exposição, antes da unidade ser fechada para visitação, era o mesmo há 18 anos.