O apelo da polícia catarinense aos bancos de esvaziar os caixas eletrônicos à noite como alternativa para reduzir a onda de ataques com explosivos no Estado é inviável operacionalmente. Além disso, os carros-fortes passariam a ser grandes atrativos para as quadrilhas.
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A avaliação é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com sede em São Paulo, dada ao Diário Catarinense. Em nota enviada à reportagem, a Febraban afirmou que não há logística operacional para retirar os valores dos caixas eletrônicos à noite. Principalmente no horário da meia-noite às 4 horas da madrugada, o período crítico dos ataques – desde janeiro do ano passado houve em SC 57 ações dos bandidos que utilizam dinamite para explodir os terminais.
A entidade que representa os bancos observou que os carros-fortes podem transitar das 8h às 20h e que para além desse horário seria necessário o acompanhamento por funcionário da agência. No caso de estabelecimentos comerciais, como área de supermercado por exemplo, a federação lembra que também precisaria da autorização do proprietário para a operação.
“Uma movimentação de numerário neste horário por carro forte (repleto de dinheiro) faria uma sequência de desabastecimento a meia-noite, e um reabastecimento por volta das 06h torna-se um grande atrativo para as quadrilhas. Ao invés de explodirem terminais passarão a promover assaltos nos embarques e desembarques de numerário dos carros fortes”, pensa a Febraban.
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Blindar os caixas eletrônicos, a outra medida sugerida pela polícia para frear os ataques, também não é a solução, conforme os bancos. A Febraban considera que todo acesso ao terminal precisa de porta de acesso e que com um simples pé de cabra seria possível quebrá-la. Sobre a instalação de portas giratórias, entende que haveria a necessidade de manter vigilante no local, o que esbarraria em restrições legais.
A Febraban defende estudos técnicos mais aprofundados, legais e com condições operacionais para o assunto. As sugestões da polícia foram apresentadas na terça-feira em reunião da cúpula da segurança com o sindicato dos bancários, os bancos Bradesco e Banco do Brasil, em Florianópolis.
A polícia disse que as medidas seriam apenas enquanto durarem as investigações sobre as quadrilhas, que ainda não foram presas. Para o vice-presidente da comissão de segurança da Assembleia Legislativa, deputado sargento Amauri Soares, os crimes só vão cessar quando a polícia prender os criminosos e o Estado investir em efetivo policial e inteligência.
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