Elas chamam a atenção de quem entra no Ginásio Rozendo Lima, no Instituto Estadual de Educação (IEE). Um grupo formado por meninas vindas de longe promete marcar a história da ginástica rítmica em Florianópolis. Elas são as ginastas da Bulgária, que estão na Capital catarinense para se aclimatar para a Olimpíada, onde participam das competições individual e em conjunto, a partir do dia 19 de agosto.
Continua depois da publicidade
Leia mais notícias sobre a Olimpíada
As búlgaras são as atuais campeãs mundiais da modalidade e estão entre as favoritas para conquistar medalha no Rio 2016. Entre as estrelas está Neviana Vladinova, 22 anos, oitava melhor ginasta rítmica do mundo. Dedicada, ela não perde o foco. Enquanto o grupo de atletas repete a apresentação exaustivamente, Neviana treina sozinha com fita, massa, bola e bambolê sob os olhares atentos dos técnicos.
Quem também brilha na seleção búlgara é Michaela Maevska, 25 anos, campeã olímpica e uma das mais experientes da equipe. Ela operou o joelho há quatro meses, mas não quis ficar de fora dos Jogos Olímpicos porque sabe da importância que o esporte tem em seu país. Segundo a presidente da Federação Búlgara de Ginástica Rítmica, Iliana Raeva, a modalidade só perde para o futebol em representatividade por lá.
Continua depois da publicidade
– Estamos felizes demais em treinar aqui em Florianópolis e tenho certeza de que fizemos a escolha certa. Encontramos uma estrutura excelente e isso nos dará condições de brigar por medalhas junto com Rússia, Bielorrússia, Israel, Itália, Espanha e Japão. É uma tarefa difícil, mas treinamos muito e estamos preparadas – acredita Iliana.
A rotina de treino das atletas búlgaras é bastante intensa e chega a oito horas diárias. Durante os trabalhos em Florianópolis fica evidente o profissionalismo das jovens ginastas. Elas repassam a coreografia inúmeras vezes, pouco conversam entre si e são observadas por uma comissão técnica bastante rigorosa e composta de ex-atletas de grande representatividade no país, a exemplo de Iliana, que fez parte da Golden Girls da Bulgária, grupo que dominou a ginástica rítmica na década de 1980.
Projeto de excelência e com estrutura em Floripa
Santa Catarina abriga um dos cinco centros de referência que fazem parte da rede de treinamento, estrutura de excelência para preparar jovens atletas. De acordo com a professora e treinadora da equipe do IEE, Maria Helena Kraeski, isso se deve ao bom trabalho feito em parceria com a Prefeitura e a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Continua depois da publicidade
– Já revelamos muitas meninas que chegaram à Seleção, a exemplo de Luísa Matsuo, Daine Amaral, Bianca Maia e de Jéssica Maier, atual capitã do Brasil. Toda a esturuta que nós temos vem desse projeto e da ajuda dos nossos parceiros, que nos permite ensinar ginástica para 340 meninas e meninos com idade entre quatro e 18 anos. A presença das búlgaras fortalece ainda mais o nosso trabalho – explica Maria Helena.
Pensar toda a cadeia da ginástica artística é um dos diferenciais das grandes potências do mundo e um dos objetivos em Florianópolis. Quem atesta é Giurga Medialkova, técnica búlgara que já treinou a seleção brasileira e que realiza treinamentos anuais com os alunos do IEE.
– O que falta no Brasil são especialistas. Quem trabalha com as técnicas no Brasil, em sua grande maioria, são professoras de educação física, enquanto na Bulgária somos todos profissionais formados técnicos em ginástica rítmica – pontua Giurga.
Continua depois da publicidade
A experiência a qual Giurga se refere é responsável por descobrir grandes talentos, seja na Bulgária ou aqui no Brasil. Foi ela quem revelou Luís Matsuo, a catarinense da Capital que conquistou seis medalhas de ouro em jogos Pan-Americanos.
– Na primeira seletiva que fiz aqui em Florianópolis para a seleção escolhi a Luísa e foi uma briga grande com os integrantes da comissão técnica. Mas gostei do trabalho dela, da maneira como se concentrava e se dedicava aos treinos. Briguei para ter Luísa e foi muito bom porque ela trouxe muitos títulos – lembra Giurga.
Quem quiser acompanhar uma parte do trabalho e conhecer de perto as ginastas búlgaras terá uma chance no próximo sábado. Haverá apresentações especiais dos grupos catarinenses e da seleção da Bulgária, que mostrará em primeira mão a coreografia que levará à Olimpíada.
Continua depois da publicidade