Manter um programa na televisão por 27 anos é um desafio e tanto. Mas Fausto Silva mostra tanta segurança em suas palavras que faz a tarefa parecer bem simples. O apresentador, aos 65 anos, garante que não há acomodação em sua equipe e vê com naturalidade o espaço maior que as questões políticas brasileiras têm ganhado em seu Domingão do Faustão (RBS TV, 17h).
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Na entrevista a seguir, Fausto comenta o que faz para seguir na liderança da audiência nas tardes de domingo, a influência dos serviços de streaming no modo de ver TV dos brasileiros, além de outros assuntos.
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Você está prestes a completar 27 anos no ar com o Domingão do Faustão e segue como líder de audiência na sua faixa de horário. A que atribui isso?
Um programa como o nosso precisa ter uma insatisfação permanente na equipe para, a partir dela, promover uma renovação constante. Às vezes, a gente acerta, em outras, não, mas não dá para desanimar. Hoje, fazemos uma matéria boa, amanhã nem tanto. Mas tem uma coisa: quanto mais você supera a qualidade do seu trabalho, maior vai ser a exigência sobre você. Com todo mundo é assim. E isso faz com que sempre procuremos melhorar um pouco mais.
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Ultimamente, você tem aberto mais espaço para questionamentos políticos. Por quê?
A gente sempre teve um pouco disso, até porque é um programa ao vivo e alguns assuntos surgem de maneira inesperada. Não dá para ser assim em todos os domingos, porque é um dia em que, normalmente, pegamos depois da transmissão do futebol e, se não for um papo bem dosado, pode ficar chato. Atualmente, o país vive dilemas e você precisa se posicionar. É importante sair de cima do muro porque uma hora ele cai.
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A concorrência pela audiência aos domingos é cada vez mais intensa. Como vocês lidam com essa disputa?
É fundamental se preocupar com diversos tipos de público. Jovem, criança, adulto, idoso, qualquer um pode ligar a TV e assistir ao programa, então todos merecem atenção. O apresentador também precisa estar envolvido com a equipe toda. Não dá para se preocupar demais com o conteúdo e não participar das etapas com os colegas que fazem o programa.
Com a virada do ano, vocês já têm novidades programadas para 2016?
Temos, mas não funciona bem assim. A gente não fica aguardando um ano chegar para mostrar novidades. Nossa preocupação é manter uma transformação constante. O Iluminados vai voltar diferente e temos outros quadros que estrearão também, como A Escolha da Galera, mas não quero anunciar nada porque ainda não sei se eles entrarão no ar a partir de janeiro ou fevereiro. O fato é que passamos o ano inteiro em busca de atrações para prender a atenção do público. Não esperamos virar o calendário.
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Cada vez mais, cresce a oferta de serviços de TV “on demand” no Brasil. Como isso pode afetar programas como o seu?
Cada um tem um jeito de lidar com as inovações. Há anos falam que o rádio vai acabar e ele segue aí, com seus ouvintes. Quando as pessoas passaram a baixar músicas na internet, pensava-se que as gravadoras iriam todas falir. A gente vai se adaptando às novidades e descobre que não é bem assim que funciona. O que já vem acontecendo em outros países é a TV aberta apostar mais em programas ao vivo. Acho que a TV vai se segmentar com essas novidades. E nem todo mundo é capaz de trabalhar bem dessa forma, então acho que será um período complicado para alguns profissionais.
*Estadão Conteúdo