Até julho deste ano, 85 pessoas morreram por causa da dengue em Santa Catarina e esse número é 12 vezes maior do que os sete óbitos registrados durante todo o ano passado. O Oeste de Santa Catarina é a região que mais concentra municípios infestados pelo mosquito Aedes aegypti. O aumento de casos da doença se soma aos casos de doenças respiratórias e agrava a crise na saúde que o Estado enfrenta. 

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De acordo com o último boletim divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), a região Oeste também tem as 10 cidades com as maiores taxas de incidência de dengue no Estado.

Segundo com o superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, Eduardo Macário, o cenário crítico da dengue na região pode ter ligação direta com as condições ambientais.

— As condições ambientais dos municípios da região Oeste são propícias: calor e umidade. Com os períodos de seca que vêm ocorrendo nos últimos anos, a população passou a guardar água em cisternas, caixas d’água e outros depósitos, próximos das casas, que se tornaram propícios para a reprodução do mosquito — explica Macário.

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Segundo a Dive, a proximidade com o Paraná, que historicamente registra a presença do mosquito Aedes aegypti, também interfere. Em 2022, 74 mortes pela doença foram registradas no estado vizinho. 

— A introdução do mosquito na região Oeste se deu a partir da BR-116, que tem uma ligação forte com os estados do Paraná e de São Paulo, que são historicamente infestados pelo Aedes — explica. 

Dengue está mais grave? Especialista explica

Uma das cidades mais atingidas pela doença neste ano foi Maravilha. O município que tem população estimada de 26,1 mil habitantes [IBGE, 2020] viu os casos aumentarem rapidamente em março, fazendo com que a cidade entrasse no grupo das cidades em situação de epidemia. 

— Em fevereiro a gente já tinha casos positivos e em março explodiu. [Para combater o mosquito] a gente teve drone, dedetização, a gente aumentou o número de servidores na equipe de combate a endemias, a gente criou uma sala de atendimento [para quem estava com sintomas] e essa sala atendia até 22h, nos fins de semana também — relata a secretária de Saúde de Maravilha, Miriane Sartori. 

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Segundo a secretária, o cenário vivido neste ano foi completamente diferenciado. 

— Realmente 2022 foi o ano que surpreendeu, o ano que assustou — sintetiza Miriane Sartori.  

Em março deste ano, devido ao aumento expressivo dos casos, um Centro Regional de Operações de Emergência em Saúde para combate à dengue foi instalado em Chapecó. No maior município da região Oeste, 10 óbitos causados pela doença já foram registrados em 2022. 

Santa Catarina é o segundo estado com mais mortes por dengue em 2022

De acordo com a Vigilância em Saúde Ambiental da cidade, os registros deste ano – que começaram em janeiro, aumentaram no início de fevereiro e tiveram pico em março e abril – estão acima do normal. 

“Tivemos um ano crítico em 2016, com 820 casos e um óbito. Mas neste ano foi algo atípico, com mais de sete mil casos até agora e dez óbitos. Infelizmente mesmo com todas as ações que vinham sendo realizadas, houve esta epidemia, que atingiu também outros municípios”, explica a Vigilância. 

Em junho deste ano, em entrevista ao Diário Catarinense, o virologista e professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki, definiu a dengue como um dos exemplos mais palpáveis do desequilíbrio que causa a disseminação de doenças. 

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— No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, principalmente, o que nós estamos vendo com relação à dengue é inedito e não é por acaso. O número de casos é incrível e isso tem muito a ver com a maior presença dos mosquitos [Aedes aegypti] na região dos anos 2000 para cá. A dengue é uma doença terrível porque tem a questão ecológica, mas tem a questão social também — afirmou Spilki.     

Dengue em Santa Catarina
Muitos dos municípios infestados e com focos do Aedes aegypti estão na região Oeste (Foto: Dive/Divulgação)

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