Uma equipe da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) e da Polícia Militar Ambiental deverá percorrer nesta quarta-feira o Rio dos Correias, em Tubarão, no Sul do Estado, para verificar até onde chegou o combustível que vazou do caminhão-tanque que tombou na BR-101 na noite de segunda-feira.

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Na primeira avaliação, nesta terça-feira, foram encontrados vestígios do combustível em 17 quilômetros do rio.

Cerca de 25 mil litros de de óleo diesel, gasolina e álcool vazaram do veículo. A preocupação de órgãos ambientais é de que o líquido avance mais alguns quilômetros e chegue à Lagoa do Camacho, no município de Jaguaruna, e coloque em risco a pesca que serve de sustento a mais de 2 mil pessoas no Complexo Lagunar.

Para evitar mais danos, as equipes ambientais montaram uma barreira de contenção na ponte entre Tubarão e Jaguaruna. A Polícia Ambiental utilizou redes de pesca apreendidas e conseguiu reduzir a passagem da mistura de óleo, gasolina e álcool na correnteza.

Segundo o diretor da Fatma na região de Tubarão, Sidinei Galvani, esta manhã estão no local funcionários de uma empresa que vão coletar o óleo que está fixado na vegetação ao longo do rio.

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Sidnei explica que, neste tipo de acidente, costumam ser atribuídas responsabilidades a três empresas: a que fez o carregamento do caminhão, a transportadora e o destinatário do combustível. As três deverão ser autuadas e provavelmente pagarão multas administrativas, em que também será determinada a recuperação ambiental da área.

– Eles vão apresentar defesa e a gente vai levar em consideração os fatores agravantes e atenuantes, mas a princípio todos os três são autuados.

Além disso, o procedimento será encaminhado ao Ministério Público, que irá apurar o crime ambiental.

O vazamento de óleo diesel, gasolina e álcool foi considerado pela Defesa Civil e pela Fatma como extremamente grave, embora ainda não tenha provocado mortandade de peixes no rio, que não é usado na captação de água para abastecimento público.

Produtores de arroz adotam medidas

As lavouras de arroz em Tubarão também estão em risco em razão da poluição provocada pelo derramamento de combustíveis no Rio dos Correias. Ainda na noite de segunda-feira, os rizicultores da região decidiram tomar uma série de ações preventivas para evitar eventuais prejuízos.

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De acordo com o presidente da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Dionísio Bressan, a principal ação foi o cancelamento imediato do bombeamento de água do rio atingido para as lavouras.

– Poucos agricultores fizeram isso nos últimos dias por causa do excesso de chuva, mas de qualquer maneira alertamos todos para evitar esse procedimento nos próximos dias – informou Bressan.

Se ao óleo chegasse às lavouras de arroz, cerca de 40 produtores sofreriam prejuízos nos mais de 3 mil hectares cultivados entre Tubarão e Jaguaruna.

Pescadores temem mortandade na lagoa

O vazamento do combustível foi uma má notícia para os cerca de 2 mil pescadores que vivem no Balneário Camacho, em Jaguaruna, e que aguardam com ansiedade o fim do período de defeso do camarão, previsto para 15 de novembro.

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– Mais alguns dias e já poderíamos capturar o camarão. Só que, se esse óleo vier para cá, não sei quanto tempo ficaremos sem nada para pescar – lamentou o pescador Ricardo Crippa.

Por enquanto, apenas a pesca de peixes e siris está liberada em todas as lagoas do Complexo Lagunar. O gerente de preservação da Defesa Civil de Santa Catarina, Emerson Emerim, está otimista e acredita que, pelas análises realizadas na terça-feira, o volume de óleo, álcool e gasolina que pode chegar até a laguna seja pequeno e não cause danos significativos à pesca.

Alguns moradores, no entanto, discordaram. Eles avaliaram a direção do vento e o movimento da maré na entrada da lagoa e previam que havia chances de poluição no local.

Retirada do caminhão

O caminhão capotou e caiu entre duas pontes, no km 340 da BR-101. O motorista sofreu lesões leves.

Por volta de 23h de terça-feira, a empresa contratada terminou de retirar do veículo o combustível que não havia vazado.

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O caminhão ainda está no local. Ele seria retirado esta manhã mas, em função da chuva, não há previsão do novo horário. Parte do tráfego deve ser interrompido no sentido Sul-Norte por cerca de uma hora para a retirada. Depois, a empresa que vai retirar o solo contaminado do local irá começar os trabalhos.