A guerrilha das Farc negou neste domingo que o aborto seja uma prática obrigatória em suas fileiras e que “o enfermeiro” Héctor Albeidis Arboleda, acusado pelas autoridades colombianas de realizar cerca de 150 abortos forçados em guerrilheiras, tenha feito parte do grupo rebelde.

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“Não foi nossa organização que lhes tirou o direito de serem mães, mas a guerra que nos impuseram os que detêm o poder”, declarou o secretariado do Estado-Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em um comunicado postado no site de sua delegação de paz (www.pazfarc-ep.org).

No texto, as Farc defenderam o aborto regulado como um “direito fundamental” das guerrilheiras e negaram que a “contracepção obrigatória” seja uma regra na organização, como acontece em outros Exércitos do mundo.

A guerrilha destaca que “esse direito das combatentes é agora abrigado por regras que proíbem qualquer intervenção sem o consentimento da guerrilheira e determinam um tempo máximo de três meses para sua realização”.

As Farc também negaram que Albeidis Arboleda, capturado em Madri, na Espanha, tenha integrado o grupo.

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De acordo com as investigações da Procuradoria colombiana, a maior parte dessas interrupções de gravidez foi praticada em guerrilheiras menores de idade, que integravam as Frentes 47 e 9 das Farc.

“As direções nacionais e do bloco fizeram as averiguações pertinentes nas duas frentes citadas, e nos certificamos de que em nenhuma dela militou, ou sequer se conhece o personagem em menção. Portanto, está claro que se trata de uma armação judicial e midiática”, acrescentou a guerrilha, no comunicado.

“O Enfermeiro” foi detido em 12 de dezembro em Madri, mas dois dias depois um juiz espanhol deixou-o em liberdade, com medidas cautelares, à espera de uma eventual extradição para a Colômbia. O juiz considerou que os fatos pelos quais o réu é acusado “podem ter prescrito” e que o mesmo sofre de uma doença degenerativa.

Desde 2006, o aborto é legal na Colômbia apenas em caso de má-formação do feto, quando a gravidez é produto de estupro, ou quando a mãe corre perigo de vida.

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rd/fr/tt