A guerrilha comunista das Farc advertiu nesta sexta-feira, em Havana, o governo colombiano para que evite confundir seus desejos de paz com “fragilidade” ante os ataques do exército em um momento em que vigora o cessar-fogo unilateral decretado em 20 de julho pelo grupo rebelde.

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“Sinceramente desejamos a paz e não deixaremos de lutar por ela, mas esta determinação não pode se confundir com fragilidade”, disse o negociador chefe da guerrilha, Iván Márquez, em um discurso a congressistas colombianos, divulgado em Havana.

Nesta quarta-feira morreram quatro guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionários da Colômbia (Farc) e dois foram presos em ações militares surpreendentes no departamento de Caquetá, no sudoeste da Colômbia.

No mesmo dia, o presidente Juan Manuel Santos propôs à guerrilha um cessar-fogo bilateral desde 1º de janeiro de 2016.

Márquez discursou perante uma comissão do Congresso colombiano, encabeçada por Luis Fernando Velasco, presidente do Senado, Alfredo Deluque, presidente da Câmara de Representantes, e Ray Barreras, presidente das comissões de paz.

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“Não podemos permitir que, estando tão perto do acordo de paz, as provocações contra a guerrilha na trégua unilateral ponham em risco com argumentos estrangeiros o clima de tranquilidade que se começa a respeitar nas regiões” do país, acrescentou.

Márquez, que chefia a delegação da guerrilha que negocia com o governo colombiano em Havana desde 2012 o fim do conflito armado, destacou que “as falsas explicações” de Bogotá “não chegam a encobrir as operações militares planejadas e intensas”.

Estas operações, disse, incluem “voos de aeronaves soltando propaganda por todas as partes, convidando à deserção”.

“Não se pode brincar com fogo”, advertiu o líder guerrilheiro.

Em 23 de setembro passado, Santos e o líder das Farc, Timoleón Jiménez (Timochenko), se comprometeram a assinar a paz em 23 de março.

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Ambas partes, que retomarão na segunda-feira suas negociações de paz, alcançaram acordos parciais na reforma agrária, na participação política e nas drogas ilícitas.

Atualmente discutem o complexo ponto sobre as vítimas, “muito próximo de ser firmado”, disse Márquez.

Os temas pendentes são o desarmamento dos insurgentes e o mecanismo para referendar o eventual acordo de paz.

* AFP