Não há como deixar de recorrer ao clichê: reveja seus conceitos. Essa, basicamente, é a orientação da Agência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que diz: comer insetos é uma alternativa para reforçar a segurança alimentar.

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O objetivo é incentivar a criação em larga escala de insetos, um alimento “nutritivo, de baixo custo, ecológico e delicioso”.

Na justificativa da FAO, são divulgados dados segundo os quais 2 bilhões de pessoas já consomem insetos, mas que o potencial é muito maior.

– Nossa mensagem é: comer insetos. Os insetos são abundantes e são uma rica fonte de proteínas e minerais – declarou Eva Ursula Müller, diretora do Departamento de Política Econômica Florestal na apresentação do relatório, ontem, em Roma.

Os trilhões de insetos “apresentam maiores taxas de crescimento, conversão alimentar alta e baixo impacto sobre o ambiente durante todo o seu ciclo de vida”, defendem os especialistas da FAO. A criação de insetos pode ser feita a partir de resíduos orgânicos, como restos alimentares e estrume. Eles são, também, ecológicos: usam menos água e produzem menos gases do efeito estufa do que o gado.

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– Um terço da população mundial come insetos, porque eles são deliciosos e nutritivos – diz Eva, que ainda elogia suas propriedades medicinais e dá a dica dos locais onde eles são comercializados: “nos mercados de Kinshasa, nos da Tailândia ou em Chiapas, no México, e eles começam a aparecer nos menus de restaurantes na Europa”.

Diretor geral destaca uso

na subsistência em florestas

Gabril Tchango, ministro das Florestas do Gabão, elogiou o consumo de insetos, um hábito cotidiano da população em seu país.

– Os cupins grelhados são considerados uma iguaria em nossas florestas – declarou Tchango, considerando que os insetos, em todas as categorias, contribuem com cerca de 10% da proteína animal consumida no Gabão.

O brasileiro José Graziano da Silva, diretor geral da FAO, enfatiza o potencial desses animais para uma dieta nutritiva de 1 bilhão de pessoas, cuja subsistência depende das florestas:

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– Os animais selvagens e insetos são, muitas vezes, a principal fonte de proteína para pessoas em áreas de floresta.