Um conhecido poeta sul-coreano muitas vezes apontado como possível ganhador do Prêmio Nobel de Literatura foi acusado de abuso sexual por um poema escrito por uma colega.
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No poema intitulado “Monstro”, Choi Young-mi descreve o assédio sexual que sofreu nas mãos de um poeta chamado “En”.
Apesar de não identificar En em seu poema nem nas entrevistas que deu, o personagem compartilha muitas características com Ko Un, ex-monge budista de 84 anos que é um dos poetas contemporâneos mais respeitados na Coreia do Sul e um ativista político que defende a reunificação com a Coreia do Norte.
A imprensa sul-coreana chegou à conclusão de que os dois personagens são idênticos. “Choi Young-mi revelou Ko Un”, escreveu um jornal.
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Este tipo de acusação é pouco frequente na Coreia do Sul, onde os valores patriarcais estão muito arraigados e espera-se que as mulheres sejam pudicas e obedientes.
O movimento #MeToo, que trouxe à luz vários casos de assédio e agressões sexuais em diferentes esferas em todo mundo, teve um impacto relativamente limitado no país.
“Não te sentes junto a En / Aconselhou-me o poetaK, um literato novato / Toca as jovens mulheres quando vê uma”, afirma o poema de Choi.
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“Esqueci o conselho de K e me sentei junto a En / Eu também / a blusa de seda que me emprestou minha irmã se enrugou”, prossegue.
Segundo os versos, En publicou mais de 100 livros, tantos quanto Ko. E acrescenta: “Cada vez soa o nome de En como candidato para o Prêmio Noteol [sic] / Se realmente ganhar o Prêmio Noteol / deixarei este país / não quero viver em um mundo tão sujo”.
O jornal Hankyoreh, de Seul, disse, sem citar Ko, que entrevistou “o idoso poeta identificado como En”.
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“Se meu comportamento é visto como assédio com base nos valores atuais, creio que o que fiz foi incorreto, e lamento”, disse ele, segundo o jornal.
Ko é uma figura destacada da literatura sul-corana desde anos 1980. Muitos de seus livros foram traduzidos para vários idiomas e aparece nos livros escolares da Coreia do Sul.
* AFP