Tanto as famílias brasileiras quanto os governantes gastam pouco com cultura. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta mostra que nem o cidadão nem os políticos costumam investir grandes somas de dinheiro próprio ou de recursos públicos em atividades culturais – que receberam do órgão oficial um conceito amplo que abrange desde comprar livros até usar o telefone. O governo gaúcho aparecia, até 2010, na 14ª posição no ranking dos repasses feitos por administrações estaduais.

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O levantamento, com a parceria do Ministério da Cultura, analisa despesas de todos os níveis de administração e das famílias brasileiras. A conclusão é de que os governantes destinam apenas 0,3% dos gastos municipal, estadual e federal para o setor cultural. Três anos atrás, período mais recente disponível, o governo gaúcho aplicou R$ 42,4 milhões – atrás de Estados como Pará, Maranhão e Espírito Santo.

Na análise dos gastos das famílias, o IBGE contabilizou uma ampla gama de produtos e serviços como cultura: aparelhos de som, TV e informática, livros, gastos com cinema e teatro, mas também com artigos de decoração, festas, contas de telefone e brinquedos.

– O critério de cultura utilizado não é o de Belas Artes, se procurou dar o enfoque mais amplo possível. Por isso, alguns itens que as pessoas não costumam associar diretamente a ela aparecem no trabalho – explica o supervisor de informações do IBGE no Estado, Ademir Koucher.

As tabelas, que não trazem dados regionais neste quesito, mostram que cada família brasileira gasta, em média, R$ 184,57 mensais com esses serviços ou produtos. Se for descontado o dinheiro aplicado em telefonia (que inclui internet móvel), sobram R$ 106,31. Um brasileiro branco, porém, gasta quase o dobro do que um negro em razão da desigualdade social.

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Descontando-se também a despesa com a conta de telefone, o desembolso com bens e atividades culturais representa 5% do orçamento familiar, atrás de gastos considerados mais importantes como habitação e alimentação, mas também vestuário – que fica com 5,3% do suado dinheiro da população ao final do mês.