Por volta das 9 horas, o soldador Edinaldo Silva Santos foi acordado com alguém batendo à porta de casa. Fazia poucas horas que ele havia chegado em casa depois do trabalho e aproveitava para descansar, quando recebeu uma notificação dizendo que a família tinha duas horas para deixar o local, pois a casa seria demolida. A primeira reação foi ligar para a esposa, Rodeleia Nunes Nogueira, que trabalha como costureira. Ela deixou o trabalho para decidir com ele o que iam fazer. Porém, o problema foi adiado e, depois de uma conversa com a prefeitura, os moradores tiveram ampliado o prazo para deixar o local. Agora, eles têm 30 dias para retirar os pertences e a casa onde moram.

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O casal vive em uma das cerca de 40 casas que estão em uma área de invasão que foi transferida para a Infraero e que será usada para a ampliação do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder, de Navegantes. Mesmo sendo invasão, a maioria das famílias pagou para instalar sua casinha no local. Como Rodeleia e Edinaldo, que acharam um terreno por R$ 3 mil onde construíram um imóvel de um cômodo com banheiro.

– Vamos ficar no prejuízo. Não tem o que fazer. Agora, vamos ter que ir para a casa da minha mãe – diz Rodeleia.

Mas há vizinhos que não sabem ainda o que vão fazer. O carpinteiro Márcio José Patissi disse que não tem para onde levar a mulher e as duas filhas. Provavelmente, ele e a maioria dos outros moradores do local terão que procurar outro terreno desocupado para construir uma nova casa.

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– Ninguém aqui quer arrumar confusão. Só queremos respostas, se tiver de sair, vamos ter que fazer isso – comenta Patissi.

Os moradores chegaram a interditar por quase todo o dia a rua que dá acesso ao local, mas nenhum incidente maior foi registrado. Com a promessa da prefeitura, as pessoas se dispuseram a retirar os entulhos da rua e voltaram para as casas.

Prefeitura promete ajudar na mudança dos moradores

O dia começou tenso para os moradores da área que será usada para a ampliação do Aeroporto de Navegantes. A informação desencontrada circulou por centenas de famílias que moram nas proximidades do terreno cedido para a União e que também estão em área de invasão. Alguns se perguntavam porque não tinham recebido notificação. Outros resolveram protestar e fecharam a rua que dá acesso ao loteamento, colocando fogo em pedaços de madeira. O fato chamou a atenção das autoridades e, no início da tarde, um grupo de moradores foi chamado para conversar com representantes da Infraero e da prefeitura.

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Quando chegou a informação de que a determinação era apenas para algumas famílias, os ânimos começaram a se acalmar. Mesmo assim, ainda havia muita informação desencontrada. Por volta das 15h30min, representantes da prefeitura se encontraram com os moradores e aceitaram um prazo de 30 dias para que as famílias deixem o local que servirá para a ampliação do aeroporto. Além disso, o secretário de governo, Cassiano Weiss, prometeu que o Executivo vai mandar caminhões e máquinas para ajudar na mudança destas famílias. Mas informou que cada uma delas terá de procurar um lugar para ficar.

– O terreno foi comprado pela prefeitura, com recursos federais, justamente para repassar para a Infraero. O processo já está pronto e o local já passou para eles – explicou Cassiano aos moradores.

As obras de ampliação do aeroporto começam assim que a prefeitura acertar todas as desapropriações. Segundo a assessoria da Infraero em Navegantes, restam cerca de 30% de terrenos para indenizar. Por isso, um novo convênio será firmado com a prefeitura, que é a responsável pela negociação com os donos das áreas, usando recursos federais. As obras devem começar no fim de 2014 e a previsão de conclusão é em 2018.

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