Um mês depois do incêndio no Centro de Treinamentos (CT) do Flamengo, no Rio de Janeiro, que vitimou os catarinenses Bernardo Pisetta, 14 anos, de Indaial, e Vítor Isaías, 15, de Florianópolis, e mais oito atletas da base do clube, as famílias ainda buscam um acordo. Uma reunião está marcada para a segunda-feira (11) na tentativa de definir uma indenização que seja considerada justa pelos familiares.
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O advogado Thiago D'Ivanenko, que representa os parentes dos dois catarinenses, diz que o encontro foi marcado a pedido dos familiares dos jogadores, pois eles decidiram buscar acordos individuais. Essa foi a proposta do Flamengo na primeira tentativa frustrada de acordo.
A ideia do Flamengo, em parte, vai na contramão do entendimento do Ministério Público do Rio de Janeiro. Os promotores fluminenses sugeriram que o clube pagasse uma indenização de R$ 2 milhões para cada família, além de uma pensão de R$ 10 mil mensais, para cada uma das 10 famílias atingidas com a morte dos atletas, até a data em que as vítimas completariam 45 anos. Os mortos no incêndio no CT do clube tinham entre 14 e 17 anos.
Inicialmente, o clube sugeriu um valor bem menor para as famílias, mas abriu a possibilidade de fechar acordos extrajudiciais individuais, de acordo com as necessidades que cada família julgue necessária.
Segundo D'Ivanenko, os advogados das outras famílias dizem que não foram firmados outros acordos até o momento. Nesse sentido, os catarinenses devem sair na frente, na busca de um acerto com o clube carioca.
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— As duas famílias amadureceram a ideia mais rápido e entendem que, antes de partir para outro tipo de medida, têm que esgotar a possibilidade de acordo — afirmou.
O advogado não fala em valores, mas diz que as duas famílias já têm uma noção do que querem pedir ao Flamengo. Eles esperam que o clube aceite e que não seja necessário buscar a Justiça para conseguir o que consideram justo.
Para Darlei Pisetta, pai do goleiro Bernardo, o primeiro encontro das famílias com o clube aconteceu no momento errado, quando os ânimos ainda estavam exaltados para todos os envolvidos. Agora, passados quase 30 dias, ele acredita que já é possível tentar abrir uma negociação.
Família ainda não superou a perda de Bernardo
Darlei diz que a família ainda não conseguiu superar a perda de Bernardo. Ele lembra que no dia do velório e do sepultamento, várias pessoas da cidade compareceram às cerimônias não só por causa da repercussão do incidente, mas também pelo fato de que muitos eram próximos das famílias.
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— A gente é de família conhecida. Minha esposa e a minha sogra são professoras e meu sogro era jogador de futebol também — diz.
Segundo ele, também foi preciso buscar ajuda profissional para que o luto seja assimilado pelos familiares.
— Fácil não está para ninguém. A gente está tentando assimilar as coisas. Estamos procurando ajuda psicológica, porque é um tombo muito grande. A gente tem uma família unida e estamos conseguindo andar — conta.
A família de Bernardo Pisetta marcou uma missa em memória não somente do goleiro, mas também das outras nove vítimas. O culto vai ocorrer às 17h deste sábado (9), na Igreja Central de Indaial, no Vale do Itajaí.
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A reportagem tentou contato com o Flamengo para saber o posicionamento do clube sobre as negociações com as famílias das vítimas. Entretanto, até a última atualização desta reportagem, o clube não havia respondido.