Acostumadas com a vida do mar, histórias e a alegria habitual dos pescadores, as comunidades de Campos Verdes e do Farol Santa Marta, em Laguna, Sul do Estado, estavam comovidas com o desfecho trágico de mais uma viagem a trabalho de seus moradores.

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Nelas residem três dos desaparecidos. Na noite desta quarta-feira, ainda na balsa que faz a travessia, o clima era carregado de tristeza. Em Campos Verdes mora o pescador Laureci Batista, o Ci, 44, com a mulher, Ana Lucia Batista, e uma filha de 25 anos.

Ela contou que conversou com o marido às 21h30min de terça-feira pelo celular. Ci relatou que ventava muito e que ainda não sabia se iriam conseguir trabalhar na madrugada.

– Ele falou rapidamente. Ele é forte. Tenho fé em Deus – dizia Ana Lucia por volta de 20h de quarta-feira, sem ter informação oficial de localização dos sumidos, com ou sem vida.

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Ana Lucia disse que esta foi a terceira saída de Ci nesse barco, no qual começou a viajar recentemente, há menos de dois meses. Estava contente em melhorar os ganhos. Ci era pescador desde a adolescência. Ultimamente, gostava de registrar as fotos em alto-mar no celular e mostrar em casa à família, na chegada.

– Nunca teve medo. É corajoso para o mar a vida toda. Nunca sofreu nenhum outro acidente ou coisa parecida – lembrava a mulher.

De dia, os parentes foram a Itajaí para ter notícias. Ana comentou que retornaram após ouvir do dono do barco que nada mais poderia ser feito. No Farol de Santa Marta moram os desaparecidos Rudinei Peixoto e Carlos Alberto Souza, este dono de um bar e muito conhecido na região.

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Para a família do pescador Emerson Luis, 34 anos, em Imbituba, no Sul do Estado, a situação não é diferente. A falta de notícias concretas sobre os desaparecidos aumentou a aflição. Mesmo assim, a fé é de que ele voltará com vida. Emerson é um dos que estão sumidos. Os familiares passaram a quarta-feira reunidos e entravam em contato com a Capitania atrás de informações.

A irmã, Liliane Maria Luis, dizia acreditar que a qualquer instante ouviria a voz de Emerson novamente ao telefone dizendo que estaria bem.

– Ele é esperto, carismático, uma pessoa de bem. Temos fé e esperança de que ainda está vivo e de que vai me ligar – emocionou-se Liliane.

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Emerson tem um filho e uma namorada. Ele trabalha há quatro anos como pescador. Na terça, quando falou por telefone com a irmã pela última vez, disse que a viagem duraria 30 dias. Um dos poucos relatos que a família soube é que os desaparecidos estavam dormindo no momento em que a onda atingiu o barco.