Nas calçadas da Rua Honório Benevenutti, no bairro Vila Nova, ainda é possível encontrar móveis estragados pelos alagamentos que ocorreram em Joinville entre 16 e 18 de janeiro deste ano. Nesta data choveu, em cerca de 24 horas, 203 milímetros, o equivalente a um mês de precipitação na cidade.
Continua depois da publicidade
A água demorou para escoar e um dos acessos ao bairro, um dos mais afetados na cidade, chegou a ser interditado. Foi para a Rua Honório Benevenutti que a auxiliar de limpeza Gisele de Andrade, 38 anos, se mudou depois que a casa em que ela vivia com a filha adolescente e o filho de 5 anos ficou alagada, na Rua dos Suíços, perto das plantações de arroz da região.
– Não tinha muita escolha. Aqui nunca tinha enchido, nem na casa em que eu morava antes. Agora é contar com a sorte para não acontecer de novo – conta ela.
O mau cheiro causado pelo esgoto motivou a mudança, e eles partiram com poucas coisas para a nova casa. Dois meses depois dos alagamentos, eles ainda dormem em colchões doados, colocados diretamente no chão e esperam a chance de ter novamente uma geladeira e um sofá.
São bens básicos, como aqueles que podem ser vistos, estragados pela água, à espera de recolhimento na rua em que moram. Eles só poderão ser adquiridos quando houver a liberação para que os trabalhadores que tiveram as casas atingidas possam movimentar a conta do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Continua depois da publicidade
Valor máximo por conta será de R$ 6.220
A Caixa Econômica Federal anunciou que isso ocorrerá no próximo dia 26. A prefeitura de Joinville havia decretado situação de emergência em 29 de janeiro e o governo federal a reconheceu em 8 de fevereiro. A administração pública estimou um prejuízo público em R$ 2,3 milhões, em 21.404 unidades habitacionais.
Esta semana deve ser divulgado como ocorrerá o procedimento para solicitação da liberação do FGTS, mas o atendimento será na Sala Alfredo Salfer, no Centreventos Cau Hansen, de 26 de março a 27 de abril, das 8h às 14h. O valor máximo liberado para cada conta será de R$ 6.220, se o solicitante tiver este saldo.
Obras para evitar inundações não têm data para começar
A lavradora Jailde Carlos dos Santos, 37 anos, é natural do Sergipe e se mudou para Joinville há dois anos. Ela lembra que, na noite de 16 de janeiro, acordou e encontrou parte da casa cheia de água. Ao tentar salvar os móveis, andava com água na altura dos joelhos e viu os vizinhos da frente serem resgatados pelo Corpo de Bombeiros para saírem de casa.
Jailde perdeu sofá, fogão e armários, e até a semana passada vivia na mesma casa com doações da proprietária do imóvel alugado. Seus bens continuavam na frente da casa, também esperando recolhimento. Nesta semana, mudou-se para outro endereço e terá que aguardar até o fim do mês para solicitar o FGTS.
Continua depois da publicidade
Enquanto isso, assim como Gisele, torce para que o episódio não aconteça novamente. Elas, e muitos dos moradores de Joinville, acreditaram em um boato sobre abertura de comportas na região, já que a força do fluxo de água impressionava.
– Começou a subir com muita rapidez. Eu pensava que este tipo de coisa só acontecia em filme – conta Jailde.
A prefeitura de Joinville apresentou um Plano Detalhado de Resposta (PDR), por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), para ter acesso a recursos emergenciais, e ainda aguarda respostas. Se disponibilizados, os investimentos serão usados para obras nos sistemas de micro e macrodrenagem, recuperação de pontes, pavimentação, muros de arrimos e a desobstrução de rios e canais.
Em agosto do ano passado, a prefeitura assinou um contrato de financiamento de US$ 70 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), parte do Projeto Viva Cidade 2 – Revitalização Ambiental e Urbana. O valor será usado para obras na zona Sul e no bairro Vila Nova. A abertura do edital de licitação para produção do projeto ainda não tem data para ocorrer.
Continua depois da publicidade