Familiares de detentos se reuniram durante esta sexta-feira (4) em frente ao Complexo Prisional de Joinville para reivindicar o retorno das visitas presenciais. Elas foram suspensas no dia 16 de março em razão das medidas restritivas decretadas estadualmente como forma de prevenir o contágio do coronavírus

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No entanto, os familiares alegam que a situação dos detentos é precária e, sem as visitas, eles têm acesso restrito a itens como os de higiene pessoal, por exemplo, básicos para evitar o propagação do vírus, já que muitos deles são levados pelos parentes. 

— A situação deles lá dentro está terrível. Eles estão adoecendo, não há médicos na unidade. Os kits de higiene correspondem à metade do que eles tinham antes, o que não deveria ser em meio à pandemia. Todas as coisas estão funcionando aqui fora, então por que não podemos voltar com as visitas presenciais com regras de segurança? Somos nós quem pagamos os itens de higiene que levamos. O que o Estado dá não é suficiente — desabafa a esposa de um preso da unidade que não quis se identificar. 

Segundo ela, as visitas virtuais também não funcionam. A manicure conta que conseguiu conversar com o marido, que está detido há cinco anos na unidade, apenas uma vez nos últimos seis meses. 

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— São dez minutos completamente travados para conversar. Fora as pessoas que não têm acesso à internet, ou não dominam a tecnologia. São muitos presos na unidade para organizar as visitas virtuais. Simplesmente não funciona — destaca. 

Em nota, a Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) informou que adotou medidas sanitárias necessárias para atenuar os efeitos da pandemia no sistema prisional e socioeducativo com o objetivo maior de preservar a vida de internos, adolescentes, servidores e funcionários, e que entrega regularmente os itens de higiene e limpeza aos detentos. 

Conforme a secretaria, a suspensão das visitas presenciais, do envio de cartas em papel e do recebimento de itens externos (sacolas), em vigor desde o dia 16 de março, mostraram-se fundamentais no controle da Covid-19 no âmbito da SAP. 

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A Sap ainda informou que, até esta sexta-feira, há 197 casos ativos de Covid-19 dentre as 29 mil pessoas que circulam nas unidades prisionais e socioeducativas em todo o estado. Nos últimos 172 dias, foram mais de 1,6 mil casos confirmados: 400 servidores, 41 funcionários, 1.248 presos e quatro adolescentes. Além disso, foram confirmadas duas mortes, um interno e um servidor, em Santa Catarina. 

“As visitas sociais serão retomadas quando as condições sanitárias permitirem. Não podemos colocar a vida dos apenados, servidores, funcionários e adolescentes em risco neste momento. Os índices de contaminação no estado estão se estabilizando, mas isto não significa que a pandemia acabou. Ao contrário: este é momento de reforçarmos a muralha sanitária para contribuir com a efetiva desaceleração e retomada das rotinas nas unidades com atividade laboral integral, ensino e visita social”, diz a nota. 

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A reportagem questionou o Departamento de Administração Prisional (Deap) sobre as condições de saúde, higiene e formato de comunicação dos detentos com os familiares, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.