Familiares das vítimas do acidente com o voo da Chapecoense, ocorrido em novembro de 2016, advogados e o zagueiro Neto, um dos sobreviventes, fizeram um ato de protesto em Londres na manhã desta segunda-feira. De acordo com o advogado Marcel Camilo, o ato denominado “Verdades e Reparações”, iniciou em frente da sede da corretora AON, e depois o grupo saiu em caminhada até a Tokio Marine Kiln, retornando para AON e encerrando em frente à embaixada do Brasil.
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As viúvas dos ex-jogadores Bruno Rangel, Gil, Thiego e Felipe Machado estiveram representando as famílias das 71 vítimas. Elas também levaram faixas em português e inglês com a frase: "Na luta por justiça, somos mais fortes, família se Chape juntos".
O objetivo do ato foi manifestar a indignação dos familiares pois já se passaram quase três anos do acidente e, exceto uma "ajuda humanitária de cerca de US$ 200 mil dólares" que foram aceitos por 23 famílias, com a contrapartida de abdicar de qualquer ação, não houve indenização.
As seguradoras, o que inclui a corretora AON, e as seguradoras Bisa e Toko Marine, além de terem reduzido o valor do seguro de R$ 300 milhões, em 2015, pra US$ 25 milhões, também tinha uma restrição de voo na Colômbia. Elas alegam que essa restrição e de que a apólice de seguro não estariam pagas. Os advogados das famílias das vítimas argumentam que as empresas sabiam que a Lamia fazia voos para a Colômbia, e cobram a indenização.
As famílias também protestam contra autoridades bolivianas e colombianas que aprovaram voo no limite da autonomia, sem previsão de parada para reabastecimento.
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A Associação Chapecoense de Futebol informou que está ao lado dos familiares das vítimas do acidente aéreo de 29 de novembro de 2016. Representantes legais do clube somam esforços: eles trabalharam no ajuizamento de demandas em Chapecó e Bogotá, participaram de reuniões com autoridades no Brasil e no exterior e estiveram presentes em audiências públicas no Senado Federal.
Thiago Degasperin, advogado da agremiação alviverde e responsável direto pelas tratativas com as famílias, reafirmou o empenho do clube e ressaltou a importância do engajamento das associações AFAV-C (Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense) e ABRAVIC (Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense).
-Importante que o Clube esteja ao lado das famílias, apoiando e auxiliando, dentro das suas possibilidades, todos os passos nesta importante caminhada em busca de justiça. Vale ressaltar a importância da atuação conjunta das associações AFAV-C e ABRAVIC com o Clube, que sempre exaltaram a necessidade da união em prol desta causa – disse o advogado.
Conforme Degasperin, a aproximação é extremamente positiva e rendeu marcos importantes, como a assinatura e a renovação do protocolo de intenções; as viagens para a Bolívia, Colômbia, Espanha e Estados Unidos com o objetivo de buscar respostas, documentos e propor ações conjuntas; o compartilhamento de documentos, estratégias e informações; bem como o convênio assinado com a ABRAVIC nos anos de 2017, 2018 e 2019.
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A ação mais recente do Clube em relação a causa, se refere ao apoio na reivindicação das famílias pelo pagamento das indenizações por parte da corretora AON.
No domingo também houve um ato em Chapecó, no Átrio Davi Barella Dávi, ao lado da Arena Condá. Estiveram presentes familiares das vítimas vestindo roupas brancas e colocaram flores na fonte existente no átrio.

– O nosso ato é muito simbólico e em apoio ao ato em Londres. Quisemos fazer algo aqui em Chapecó pois não só os familiares, mas toda a comunidade pede justiça – disse Dahyane Palaoro, filha do ex-presidente, Sandro Pallaoro.
Lucas Dall Bello, filho do ex-conselheiro Mauro Dall Bello, quer a responsabilização dos envolvidos na tragédia. E agradeceu o apoio que o Congresso Nacional vem dando.
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Denise Lemes, viúva do diretor administrativo Décio Burtet Filho, disse que as famílias buscam seus direitos.
– A gente busca uma reparação e o pagamento da apólice de seguro que é um direito nosso e de nossos filhos – destacou.
No dia 29 de novembro o acidente completa três anos.