Os Schürmann estão arrumando as malas para uma nova aventura. Em novembro, a primeira família a completar a volta ao mundo a bordo de um veleiro, há 30 anos, parte para sua terceira grande viagem. A odisseia ganhou o nome de Expedição Oriente e vai levar os velejadores a navegar durante dois anos pelas rotas atribuídas aos chineses ao redor do planeta. A viagem marca uma mudança no roteiro dos Schurmann: pela primeira vez, a aventura da família partirá de Itajaí.
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– A cidade é um polo náutico, e com a Volvo Ocean Race e as outras regatas que estão vindo, queríamos estar em Itajaí – diz Vilfredo Schürmann, capitão e patriarca da família.
A viagem parte no dia 24 de novembro, próximo à data de chegada da regata francesa Jacques Vabre à cidade. A bordo do veleiro estarão, além de Vilfredo e a mulher, Heloísa, os filhos do casal, Pierre, Wilhelm e David, e o neto Emmanuel, que experimentará na Expedição Oriente sua primeira aventura.
Desta vez fará falta a companhia de Kat, a filha mais nova do casal. Adotada na Nova Zelândia, ela morreu em 2006, aos 13 anos, por complicações decorrentes do vírus HIV, do qual era portadora desde o nascimento. Kat dará nome ao veleiro que está sendo construído especialmente para a viagem, em um estaleiro de Itajaí.
Vilfredo conta que procurou empresas especializadas na construção de embarcações do Rio de Janeiro até Buenos Aires, na Argentina. A escolha de Itajaí, segundo o capitão, levou em conta a qualidade dos serviços oferecidos por aqui – do projeto à execução.
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É num estaleiro arrendado, às margens do Rio Itajaí-Açu, que o barco ganha forma. O trabalho, minucioso, começou há quase um ano. Embora já tenham enfrentado outras duas voltas ao mundo, esta é a primeira vez que os Schürmann constroem o próprio veleiro.
O escolhido para tocar o projeto foi o técnico naval Jeison Coninck dos Santos. Com experiência na montagem de barcos de pesca e rebocadores, o construtor está estreando no mercado da vela:
– É um grande desafio e um prazer ao mesmo tempo, por se tratar de uma embarcação bem complexa, com muitos detalhes de acabamento. Sinto-me bastante privilegiado por trabalhar nesse projeto, que é feito pela primeira vez no Brasil.
Conforto funcional
Todo o projeto foi feito pela arquiteta itajaiense Jeane Busana Bianchi, que trabalhou por dois anos com Oscar Niemeyer e tem experiência em projetos navais. Segundo ela, o principal desafio foi aliar a beleza e funcionalidade em uma embarcação que servirá como casa para os velejadores durante dois anos.
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A parte interna, que começa a ser montada em breve, conta com materiais como compensado naval de cedro e aço inox. Boa parte feita em Itajaí.
– É uma grande oportunidade para a cidade mostrar seu valor. Temos profissionais qualificados, e nosso pátio naval não deixa nada a desejar – diz Jeane.
A embarcação fica pronta em setembro.
Novo instituto de pesquisa em Itajaí
Ao partirem de Itajaí rumo à Expedição Oriente, os Schürmann deixarão para trás uma nova sede do Instituto Kat Schürmann, que desenvolve projetos de pesquisa e educação ambiental na cidade de Bombinhas. A filial será construída em área nobre de Itajaí, na Avenida Beira-Rio – próximo à Vila da Regata e à marina que será construída no Saco da Fazenda.
– A ideia é divulgar a prática do esporte e da sustentabilidade em uma área com auditório, oficinas, deques com visão para a marina, laboratório e escritórios – explica a arquiteta itajaiense Jeane Busana Bianchi, responsável pelo projeto. A previsão é de que as obras iniciem ainda no mês de março e sejam inauguradas durante a partida do veleiro, em 24 de novembro.
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Viagem high-tech
O veleiro que levará os Schürmann para a Expedição Oriente tem uma pitada inédita de tecnologia. Todo o trajeto poderá ser acompanhado online, com transmissão em cinco idiomas. Além do site da expedição, as aventuras também serão disponibilizadas nas redes sociais, como Facebook, YouTube e Instagram, e em aplicativos para smartphones.
Os entusiastas da vela terão a oportunidade de brincar de navegar junto com os Schürmann em barcos virtuais customizados, que experimentarão minigames, desafios e missões dignas de uma volta ao mundo – com direito a pontos e prêmios especiais. Para os velejadores de verdade, há possibilidade de controlar todas as funções do barco por dispositivos móveis como tablets, ao alcance de um toque.
A tecnologia também passa pela manutenção do barco, que terá soluções inéditas de sustentabilidade para tratamento de efluentes e resíduos e geração de energia limpa, produzida por meio do vento, de painéis solares, hidrogeradores e bicicletas ergométricas que vão abastecer o veleiro enquanto a tripulação se exercita. Haverá, ainda, uma horta experimental a bordo.
A estrutura também conta com tecnologia de ponta no que diz respeito à navegação. Uma quilha retrátil possibilitará aos Schürmann navegar por águas com apenas 1,8 metro de profundidade.
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