Considerada histórica, a estiagem vem trazendo inúmeros problemas aos moradores da região Oeste de Santa Catarina. Em Chapecó, por exemplo, famílais inteiras estão há dias sem receber água nas torneiras e buscam no improviso uma maneira de atender as necessidades básicas. Uma situação considerada “desumana” e que não tem prazo para ser completamente resolvida, segundo os órgãos estaduais. 

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Rafaela Rodrigues, de 26 anos, é uma das afetadas com o desabastecimento hídrico na cidade. A operadora de máquina, que está grávida de nove meses, mora com a família em um loteamento no bairro Belvedere. Ela conta que, no local, há pessoas que há oito dias estão sem receber uma gota de água. 

— Na terça-feira a noite, chegou a descer um pouco de água, mas rapidamente acabou. Tem pessoas, que moram na parte alta do loteamento que ainda não conseguiram receber nada — conta. 

Para se virar, ela e o marido têm improvisado de diversas formas. Todos os dias, o casal compra galões de água, que são usados para tarefas básicas de higiene, como tomar banho ou lavar a louça. Já para comer, a opção é comprar marmita. 

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Além dela, dezenas de outras famílias do loteamento também sofrem com a falta de água. Eles já chegaram a entrar em contato com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), responsável pelo abastecimento na cidade, que informou que não há prazo de quando a situação deve normalizar. 

O principal problema do desabastecimento é a estiagem. 

— Não tem nem água para fazer um almoço, precisa comprar marmita. Temos que nos virar, com criança em casa, eu gestante. Até tem como ficar sem luz, mas sem água não dá. É uma situação desumana, não se sabe mais para que lado ir — desabafa. 

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Cidade decretou situação de emergência 

Nesta quinta-feira (17), a prefeitura de Chapecó decretou situação de emergência devido à estiagem que atinge a região Oeste. Por conta disso, o município, junto com a Casan, assinaram um termo de compromisso em que enumeram uma série de ações para auxiliar a população durante o período de desabastecimento. 

Ao menos 10 caminhões-pipa vão atuar para a distribuição de água tratada na cidade e 20 para trazer água bruta do Rio Uruguai. Também serão perfurados quatros novos poços artesianos, sendo dois deles nos bairros São Antônio e Efapi. A Casan também instalará uma Estação de Tratamento de Água compacta na próxima semana. 

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Outra alternativa tem sido o rodízio de água em ao menos 26 bairros, algo que está planejado para acontecer até o fim de fevereiro. 

Apesar disso, a Casan alega que o principal problema do abastecimento é a falta de chuva na região. Por isso, mesmo com as ações, não há um prazo de quando a situação deve ser normalizada. 

Estiagem é o principal problema para a falta de água na região
Estiagem é o principal problema para a falta de água na região (Foto: Andrielli Zambonin, NSC TV)

Estiagem também atinge outras cidades da região 

Além de Chapecó, outros municípios do Oeste catarinense vêm enfrentando dificuldades devido à falta de chuva. Por conta disso, a Casan também adotou outras medidas, a fim de amenizar os impactos. Confira: 

  • Cunha Porã

Com a situação crítica do principal manancial, o Rio São Domingos, o abastecimento está sendo feito com manobras operacionais, com alternância entre dois setores da cidade. Também está sendo feito o transporte de água, com caminhões-pipa, nas áreas onde há necessidade.

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  • Concórdia

Em função da escassez de chuvas que prejudica os mananciais de Concórdia, foram retomadas, nesta semana, as manobras operacionais. A distribuição está organizada em duas macrorregiões do Sistema de Abastecimento. Regiões mais altas estão sendo abastecidas com caminhões-pipa.

  • Iporã do Oeste

Foi implantada uma nova rede de 4 quilômetros para buscar água bruta no Rio Macaco. O investimento foi necessário porque a principal captação no Rio Pirapó ficou prejudicada com a estiagem. Com a nova rede, a capacidade de vazão na captação no Rio Macaco chega a 30 metros cúbicos por hora, o que é suficiente para manter o abastecimento pleno na cidade.

  • Maravilha

A Casan executou uma captação emergencial, uma nova adutora e instalou um nova motobomba no poço reserva, recuperando o sistema que passou por situação crítica no final do ano passado. Com o novo equipamento, que é de alta performance, Maravilha terá, quando necessário, complemento de 30 litros de água por segundo. Com as melhorias o sistema está recuperado e não necessita de revezamento.

  • São Miguel do Oeste

A Casan instalou um novo sistema de bombeamento na adutora do Rio das Flores, aumentando a capacidade de captação de água. A ampliação na produtividade do Rio das Flores supre os baixos níveis de aproveitamento no Rio Cambuim, principal manancial de abastecimento da cidade. A Companhia também executou limpeza preventiva na barragem do Rio Cambuim e perfurou poços, que estão sendo finalizados. Caminhões-pipa de água bruta ainda são necessários, assim como algumas manobras operacionais para manter o fornecimento de água em toda a cidade.

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  • Seara

Um poço profundo foi instalado, está em operação e a Companhia transporta água bruta do rio Uva para a barragem de captação de água da Casan no Rio Caçador. Estão previstas obras para aumento da barragem de captação nesse manancial. Manobras operacionais chegaram a ser necessárias, mas com as melhorias no sistema e alguns momentos de chuvas foram suspensas.

  • União do Oeste

O sistema local ainda enfrenta dificuldades no abastecimento, e está funcionando com manobras operacionais, recebendo água vinda do sistema de Pinhalzinho por caminhões-pipa. Um poço com vazão muito produtiva para o município foi perfurado e estão sendo providenciadas as bombas para início de operação.

  • Xaxim

O abastecimento recebeu reforço de uma captação emergencial em açude particular e perfuração de dois poços, que estão em operação. As melhorias e alguma chuva na região amenizaram a situação, porém com a continuidade da estiagem serão novamente realizadas manobras para revezamento e fornecimento de água a toda a cidade.

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