Quinze minutos. Um período bem curto de tempo em que não é possível fazer muitas coisas, não é mesmo? Pois bastaram 15 minutos para que uma família de Pomerode perdesse parte da sensação de segurança que tem em sua cidade, bairro e rua. A sensação de segurança dentro da própria casa em uma noite comum de quinta-feira. O tempo de uma breve saída até a esquina para buscar um lanche para a janta. Quinze minutos que mudaram muita coisa na pacata cidade do Vale do Itajaí.

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Marcelo, trabalhador de uma gráfica, e Sônia, comerciante, saíram de casa por volta das 20h para ir no restaurante perto de casa buscar um lanche para a janta da família. Os filhos de 17 e 7 anos ficaram em casa, esperando. Quinze minutos depois o garoto mais velho estava na carona do carro de um vizinho, baleado e ensanguentado, indo ao encontro dos pais pedir ajuda. A casa havia sido invadida por ladrões armados. O jovem havia sido baleado nas costas e um tio que tentava socorrer os sobrinhos levado um tiro no rosto. Momentos de terror que duraram um quarto de hora.

O assalto e tentativa de latrocínio foram registrados em Pomerode na quinta-feira à noite, em uma casa na Rua dos Atiradores. Segundo as vítimas, três ladrões quebraram uma grade lateral e invadiram o terreno. A casa estava trancada. Bateram na porta e disseram ser da polícia, mas o jovem de 17 anos não acreditou. Então começaram a arrombar a porta e atiraram para dentro da casa, atingindo o adolescente nas costas, que correu para o banheiro e se trancou gritando por socorro ao lado do irmão pequeno. Pelo lado de fora da residência, os ladrões foram até a janela do banheiro e atiraram mais uma vez, dessa vez sem atingir ninguém. Ameaçaram atirar mais vezes caso o jovem não abrisse a porta da casa. Ele obedeceu e os assaltantes invadiram pedindo por dinheiro. Antes de roubar, agrediram com coronhadas na cabeça o jovem já baleado.

Com todo o barulho e por uma coincidência enorme, um tio dos garotos que trabalha como eletricista estava fazendo um serviço na casa do outro lado da rua. Ouviu os pedidos de socorro e correu até a residência junto de outros vizinhos. Ainda na calçada, o homem de 42 anos foi surpreendido por tiros dos assaltantes _ um que acabou o atingindo no rosto.

Provavelmente assustados pela atenção que chamaram na rua inteira, os ladrões arrombaram rapidamente uma grade nos fundos da casa e fugiram para o matagal. Levaram um videogame, um tablet, dois celulares e cerca de R$ 2 mil em espécie. Deixaram grades entortadas, a porta da frente quebrada e com uma marca de bala, a casa revirada, a janela do banheiro estilhaçada. Em cima da mesa da cozinha, um rolo de fita e lacres plásticos que denunciam planos de um crime que duraria mais que 15 minutos.

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“Um caso excepcional na cidade”, diz delegado

O adolescente de 17 anos, baleado nas costas, foi atendido no hospital e liberado ainda na quinta-feira à noite. O tio foi ao Hospital Santa Isabel, em Blumenau, onde nesta sexta-feira ainda passava por atendimentos. Após uma noite em claro pelo medo, a família ainda tentava assimilar o acontecido no dia seguinte, tentando entender o que aconteceu na casa em que moram há 14 anos e foi assaltada pela primeira vez. A sensação de insegurança de ter o próprio lar brutalmente violado por assaltantes violentos, lado a lado com o desejo de justiça nas buscas por imagens de câmeras de segurança de dois estabelecimentos do outro lado da rua: um mercado e uma igreja.

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Para o delegado da Polícia Civil que está investigando o caso, Luís Carlos Gross, trata-se de um caso excepcional em uma cidade com índices baixos de criminalidade. Ainda sem suspeitos, o delegado aguardava que as vítimas se recuperassem para colher o testemunho e dar seguimento à investigação. Um caso que quebra a rotina de uma cidade que viu o último latrocínio acontecer em dezembro de 2013. Que tem uma média de furtos perto de um a cada dois dias. Que tem entre um e dois homicídios registrados a cada ano. Nos 15 minutos de terror na Rua dos Atiradores nenhuma vida se perdeu, mas a sensação de segurança construída ao longo de anos sofreu um baque.